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O presidente russo, Vladimir Putin, delineou nesta quarta-feira os planos para um cessar-fogo no leste da Ucrânia, mas o premiê ucraniano, Arseny Yatseniuk, rejeitou a proposta, que chamou de “decepção”.
Depois de falar com o presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, Putin disse acreditar que Kiev e os rebeldes podem chegar a um acordo nas conversas planejadas para acontecer na sexta-feira na capital bielorrussa, Minsk.
“Nossas visões sobre a maneira de resolver o conflito, me pareceu, são muito próximas”, declarou Putin. Entre as etapas propostas para garantir um desfecho para a crise estão a suspensão de operações ofensivas dos separatistas, o recuo das forças e o fim dos ataques aéreos da Ucrânia, a criação de corredores humanitários, a reconstrução da infraestrutura danificada e a troca de prisioneiros.
Segundo Poroshenko, a conversa com Putin injetou ânimo nos esforços para encerrar a crise no leste, que já matou mais de 2,6 mil pessoas desde abril.
Reações
Às vésperas de uma cúpula da Otan (Organização para o Tratado do Atlântico) para discutir a crise, Yatseniuk disse que “o verdadeiro plano de Putin é destruir a Ucrânia e restaurar a União Soviética”.
Nos EUA, o presidente Barack Obama também se mostrou cauteloso, dizendo que o conflito só pode terminar se a Rússia parar de fornecer armas e soldados aos rebeldes.
Em sinal de descontentamento, a França declarou que não levará adiante a entrega já planejada do primeiro de dois porta-helicópteros à Rússia. Moscou disse não ver “nenhuma tragédia” na decisão, que deve irritar o Kremlin.
Análise – Risco de guerra*
Quando fala dos riscos de guerra contra os russos, como já falou, o presidente da Ucrânia se envolve com arsenais de destruição em massa. Putin disse, em tom ameaçador, que ninguém se meta com seu pais, lembrando que conserva o arsenal atômico herdado da ex-URSS.
Investigações acadêmicas, como a do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, de Londres, concluíram que uma guerra nuclear na Europa seria incontrolável. Ou limitada a dois países.
Ao mesmo tempo voltou-se a tratar da possibilidade de guerras por acidente. No livro “Normal Accidents”, Charles Perrow diz que sistemas de alta tecnologia tornam acidentes inevitáveis, “por meio de combinações de erros”. O tempo para corrigi-los é cada vez menor.
*Newton Carlos – Jornalista