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HQ retrata as dores de Carolina de Jesus

Em “Carolina”, a escritora desconhecida por muitos surge como um relato vivo da discriminação. Negra, mulher, mãe solteira e moradora da favela do Canindé – na zona norte de São Paulo onde hoje fica o estádio da Portuguesa -, ela se utilizou de pontas de lápis, pedaços de papéis, livros e cadernos achados no lixo para abrir espaço no elitista universo literário.

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Chegou a ficar no topo da lista de mais vendidos com o livro “Quarto de Despejo”, que foi traduzido em 13 idiomas, mas se desiludiu quando a fama acabou e ela se viu apenas um produto de consumo enraizado em um passado de violência, fome, preconceito e opressão.

Resultado da parceria entre Sirlene Barbosa, professora e doutoranda em educação pela PUC-SP, e João Pinheiro, artista visual autor de “Kerouac,” e “Burroughs”, a HQ que teve apoio do PROAC (Programa de Ação Cultural do Governo do Estado de SP) tem como objetivo divulgar o nome e o trabalho de Carolina.

“Tentamos demonstrar que apesar de todos os problemas, Carolina conseguiu tornar-se escritora – contra tudo e todos”, explica João Pinheiro. “Ela foi uma escritora tão original quanto solitária, que não quis se filiar a nenhuma bandeira e mesmo assim conseguiu, em seu atrevimento, marcar seu nome na literatura brasileira e mundial”.

Responsável pelo roteiro e pela arte da graphic novel, que demorou três anos para ficar pronta e apresenta um traço marcante em preto e branco, João conta que tinha como meta desenhar algo que fizesse o leitor compartilhar o sofrimento da personagem, com suas dores e luta constante.

“A carga dramática da história é muito forte e em alguns momentos é impossível não se indignar e mesmo se entristecer com certas passagens. Digo que pegamos a força emprestada da Carolina, que passou por muitos problemas, porém sempre foi forte o suficiente para transpor barreiras e continuar de cabeça erguida”, conclui o artista.

 

Veja imagem da graphic novel:

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