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Aécio Neves enfrentará Dilma Rousseff no segundo turno pela disputa presidencial

Aécio e Dilma se enfrentarão no segundo turno | Sergio Moraes/Reuters
Aécio e Dilma se enfrentarão no segundo turno | Sergio Moraes/Reuters

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Com ampla vantagem em São Paulo, o tucano Aécio Neves bateu Marina Silva (PSB) e garantiu vaga para tentar impedir a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) no dia 26 de outubro.

Segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Dilma teve 41,6% dos votos, Aécio, 33,5% e Marina, 21,3%. Votaram 103,9 milhões de brasileiros, o que equivale a 90,3% do eleitorado (142,8 milhões).

O desempenho de Aécio no maior colégio eleitoral do país foi melhor do que o registrado por José Serra, em 2010. No primeiro turno, Serra bateu Dilma em São Paulo por 40,6% a 37,3%. Aécio venceu a presidente por 44,2% a 25,8%, uma diferença de 4,2 milhões de votos.

A performance de Aécio também supera a de Serra em Minas e no Rio, segundo e terceiro maiores colégios eleitorais, respectivamente. Nos dois Estados, Dilma mais uma vez ficou em primeiro, mas a diferença foi menor.

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Em 2010, em todo o país, a petista chegou ao segundo turno com 14 pontos percentuais a mais do que Serra. Agora, a diferença caiu pela metade (sete pontos).

Dilma ficou na frente em 15 Estados (três a menos que em 2010), Aécio ganhou em 10 (9 mais o DF) e Marina em 2. A petista manteve a hegemonia no Norte e Nordeste. Apenas em Pernambuco – terra de Eduardo Campos – foi derrotada por Marina. Nos demais Estados da região, no entanto, ela obteve mais de 60% dos votos. Ela também derrotou o tucano em seu principal reduto, Minas Gerais.

Além de São Paulo, Aécio teve suas maiores vitórias Santa Catarina (52,9%), Paraná (49,7%) e na região Centro-Oeste, onde ficou acima dos 40%.

arte presidente DIlma aecio Marina

Diante dos números, fica claro que os votos de Marina (21,3% do total) decidirão a eleição (veja mais ao lado). Ontem, depois de votar, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso declarou que pedirá pessoalmente apoio a Marina e às lideranças do PSB. Na sua avaliação, a reação de Aécio no final do primeiro turno fortalece sua candidatura.

Os coordenadores do PT, por sua vez, vão aguardar uma posição de Marina antes de decidir qual a melhor forma de abordagem. A estratégia é buscar uma reaproximação, alegando que os ataques dos petistas contra ela são “coisas normais de eleição” e que ela tem muito mais pontos em comum  com o PT do que com o PSDB.

Outro trunfo dos tucanos para virar o jogo são as denúncias de corrupção na Petrobras, além da alta da inflação e o baixo crescimento econômico. A coordenação de campanha de Aécio acredita que o impacto das denúncias do ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa, a 20 dias do segundo turno, podem ter uma repercussão maior do que o mensalão.

A campanha do PT, por sua vez, deve adotar a tática de tentar “desconstruir” Aécio, como foi feito com sucesso em relação a Marina no primeiro turno.

O objetivo é identificar o tucano como o candidato dos “bancos” e dos “empresários”, deixando para a Dilma a imagem de defensora do povo. Dilma também continuará a dizer que só ela poderá garantir a continuidade dos programas sociais implantados durante seu governo.

A partir de hoje, o pisciano Aécio Neves, 54 anos, e a sagitariana Dilma Rousseff, 66 anos, terão 20 dias para convencer os brasileiros de que suas propostas são melhores que as do adversário. O primeiro debate entre os dois acontece na Band, no dia 14. No dia 26, os brasileiros decidirão, democraticamente, quem comandará o país pelos próximos quatro anos.

(Clique na imagem para ampliá-la)

arte votação estados curta

Análise: A disputa é pelo capital de Marina

Assim como em 2010, o capital eleitoral de Marina Silva (PSB) entra de novo em jogo. Os 21,3% de votos conquistados por ela neste primeiro turno se transformaram no principal elemento de disputa para a definição do próximo presidente do Brasil.

Quando a sinalização era de que Marina iria para o segundo turno, havia um entendimento de que os votos de Aécio Neves (PSDB) migrariam para ela.

Na via contrária, essa certeza não se consolida. A base eleitoral de Marina é bem heterogênea. Ali, além de eleitores simpáticos a uma terceira via na política brasileira, há ambientalistas, evangélicos conservadores e pessoas de centro-esquerda que não  apoiam o PSDB.

Nesse contexto, seus votos seriam diluídos entre Aécio, Dilma e brancos e nulos. Em um cenário com a divisão perfeita, cada parte teria sete pontos percentuais a mais. E isso seria suficiente para reeleger Dilma.

Ao mesmo tempo, é possível dizer que o Brasil caminha para o bi-partidarismo. Já são 20 anos que somente PT e PSDB se mostram competitivos para ir ao segundo turno. No momento em que a terceira via representada por Marina não se firma, ela é automaticamente implodida. Nos últimos dias, ela, que carregava um voto anti-petista, não soube se segurar em meio à onda de confrontos relacionados ao seu programa de governo.

Neste quadro, o desacreditado Aécio Neves é que sai com uma vitória moral. Enquanto muitos de seus correligionários já estavam desacreditados, ele retomou fôlego e saiu de uma candidatura praticamente morta para encostar em Dilma. Já a candidata petista, que imaginava quase uma vitória em primeiro turno, tomou um banho de água fria. Mais do que nunca, a decisão agora vai depender dos votos da terceira via.

 

Veja: Debate na Band – Dilma e Aécio falam sobre privatização

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