Estilo de Vida

Boca saudável, corpo saudável

Alterações no aspecto saudável da boca podem apontar para doenças mais graves

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Reparar constantemente no aspecto da boca não é um comportamento muito comum. Escovar os dentes após todas as refeições, passar fio dental diariamente e proteger os lábios com protetor labial nem sempre são uma prioridade. Não são, mas deveriam ser, pois alterações no aspecto da boca podem significar que o corpo, como um todo, está doente.

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É para isso que alerta o dentista Fábio de Abreu Alves, presidente da Câmara Técnica de Estomatologia do Crosp (Conselho Regional de Odontologia de São Paulo). “Alteração na cor das mucosas da boca [interior da bochecha, língua, céu da boca, gengiva, etc] e feridas anormais, que não causam dor ou que não se curam rapidamente, podem apontar para outros problemas.”

Mas qual é o aspecto saudável da boca? Alves responde: “As mucosas devem ser róseas, nem pálidas nem muito avermelhadas. A gengiva, além da cor típica, não pode estar inchada, nem sangrar na hora da escovação. Já a língua não pode estar ‘lisa’ e deve ser sempre rosa, por isso é importante escovar a língua também, uma língua branca significa acúmulo de bactérias e restos de alimentos”.

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Uma boca saudável também inclui dentes saudáveis, sem cáries, e lábios bem cuidados, sem inchaço, ressecamentos anormais e machucados. “Pelo fato de o Brasil ser um país tropical, com muito sol, o protetor labial é necessário. O nosso país tem um alto índice de câncer de lábio, principalmente nas áreas rurais, onde as pessoas trabalham sem muita proteção, tomando muito sol, muitas vezes em climas secos, por muito tempo”, alerta o dentista.

Os machucados, aftas e seu estado também têm significado: aftas devem sempre ser doloridas e o corpo precisa ser capaz de curá-las em, no máximo, cinco dias.

“O câncer de boca, por exemplo, tem sua primeira manifestação na forma de manchas vermelhas e brancas no interior da boca. O próximo passo é provocar úlceras, que se parecem com aftas, indolores. Mas é importante lembrar que a afta é uma ferida pequena muito dolorida. O câncer provoca uma ferida até maior do que uma afta, mas sem dor. Na medida que o câncer vai avançando, aí sim essas feridas podem doer”, explica Alves.

Outras doenças
O câncer não é a única doença que pode ser identificada por alterações na boca. A anemia, por exemplo, é outra: mucosas muito pálidas podem estar relacionadas à condição. Já uma diabetes descontrolada pode se manifestar por meio de candidíase de boca, uma doença provocada por um fungo que leva ao acúmulo de uma placa branca na língua e nas bochechas – mas facilmente tratada com raspagem e antifúngicos.

“A candidíase também se manifesta em quem contrai o vírus do HIV, porque a imunidade está muito baixa. Aí cabe ao profissional, quando for tratar essa candidíase, conversar com o paciente para ver se ela pode ser uma consequência de outra doença e pedir alguns exames específicos, se necessário”, completa Alves.

 

Doenças que se manifestam pela boca e como identificá-las

 

  1. Leucemia. Aumento generalizado da gengiva e sangramentos espontâneos.
  2. Cirrose hepática. Palidez das mucosas bucais (gengiva, língua e parte interna das bochechas), às vezes com tonalidade amarelada ou esverdeada.
  3. Sífilis. Feridas abertas que demoram a cicatrizar seguidas de placas vermelhas e úlceras no interior da boca.
  4. HPV. Aparecimento de verrugas indolores, pode evoluir para um câncer no interior das bochechas.
  5. Anemia. Língua lisa, com aspecto “careca”, e mais pálida.
  6. HIV. Gengivite, candidíase de boca (placas brancas), feridas e aftas grandes nas mucosas internas e nos lábios.
  7. Diabetes. Hálito cetônico, odor característico da doença que se assemelha ao cheiro de frutas envelhecidas; gengivite e candidíase de boca também são comuns.

Diagnóstico precoce
Só em 2016, o Inca (Instituto Nacional do Câncer) registrou mais de 15 mil casos de câncer de boca.

Fábio De Abreu Alves, Presidente da Câmara Técnica de Estomatologia do Crosp (Conselho Regional de Odontologia de São Paulo), afirma que o diagnóstico precoce é essencial para as chances de cura do paciente.

“Se o diagnóstico for feito nos estágios iniciais, existe 90% de chance de cura. Já nos estágios mais avançados, as chances caem para 40%”, alerta.

Alguns dos principais fatores que provocam a doença são o fumo e o álcool. “E, mais recentemente, descobriu-se que o vírus do HPV pode causar câncer de palato mole (parte mais posterior do céu da boca) e de garganta”, afirma o profissional.

 

 

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