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Ansiedade, medo: como lidar com os sentimentos durante a pandemia

Hannah Xu/Unsplash

Sentimentos de quase todos nós: insegurança, angústia, medo. Todos esses problemas se acentuaram desde o início da pandemia de coronavírus. De uma hora para outra, nos vimos isolados diante de um desafio gigante e de um futuro incerto. Nesta situação, parece que estamos em um mundo de cabeça para baixo. Como será que fica a nossa cabeça diante dessa situação?

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Em uma das maiores favelas do País, Heliópolis, na zona sul de São Paulo, os moradores lidam com o medo da doença e também com o desemprego e a queda nos rendimentos. O resultado? Mais de 60% das pessoas da comunidade já não conseguem dormir à noite. A insônia é um dos sinais para nos atentarmos à saúde mental.

“Eu sinto ansiedade, insônia, muita vontade de chorar. Deprimida, a palavra é essa”, relata a manicure Maria de Lourdes, moradora de Heliópolis.

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Fundação Renova - agosto 2020

A Organização Mundial da Saúde (OMS) já deu o alerta: o impacto da pandemia do coronavírus na saúde mental das pessoas pode ser tão devastador quanto a própria pandemia.

Sintomas
Quanto estamos diante do perigo, nosso cérebro dispara informações para nos defendermos ou fugirmos. A adrenalina e o cortisol fazem acelerar as frequências cardíaca e arterial. Nossa pupila dilata, nosso raciocínio fica mais rápido, os músculos tensos.

“Essa enxurrada de informação que a gente tem, ruins, catastróficas, que a gente está vivendo, fazem com que nosso organismo fique tentando fugir da situação e isso causa um estresse, um desgaste muito grande”, explica a neurocirurgiã Diana Lara Pinto de Santana à reportagem.

O medo patológico nos impede de fazer coisas, de pensar, de nos movimentar, e isso é desgastante. A longo prazo, nos deixa fracos, desanimados. Diminui nossa imunidade, dando espaço para o pânico e a depressão.

“As pessoas com menos recursos emocionais e até sociais, são pessoas que vão estar sob o maior risco de desenvolverem algum transtorno mental. Talvez depois de uma pandemia por conta do covid, nós tenhamos uma epidemia de transtornos mentais e nós precisamos nos preparar para essa possibilidade”, pontua a psiquiatra Ivete Gattas.

Rede de ajuda
O advogado Fábio Edson Bunemer está tentando ficar bem. Em 10 dias, ele perdeu a mãe e o pai para a covid19. Clarice e Edson já tinham mais de 80 anos e estavam há 6 décadas juntos. Para Fábio, não poder se despedir foi devastador. “É tudo muito difícil, muito complicado, não ter velório…”, lamenta.

O ritual tem papel importante porque ajuda a gente a entender a perda. “Ninguém gosta de participar de um velório e é uma situação muito difícil, mas ao mesmo tempo aquelas informações ajudam a entender que aquilo tudo realmente aconteceu. É uma dor, mas vai dar informações para processar isso”, ressalta o empreendedor social Tom Almeida.

Foi depois de perder os pais, antes da pandemia, que o Tom fundou o movimento «Infinito», para conversas sinceras sobre viver e morrer em uma cerimônia virtual. Com informações no site, as famílias podem aprender como criar e conduzir um encontro, ou pedir ajuda para o infinito organizar.

“É emocionante e triste, mas ao mesmo tempo é muito bonito. Eu participei de uma cerimônia que eu fiquei extremamente emocionado. Porque era muita declaração de amor. Dos familiares, de amigos contando histórias de infância piadas, então houve choro, emoção, risada, música. Tudo conta. Houve uma celebração da vida daquela pessoa”, completa.

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