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Corte nas despesas permanece neste ano, diz prefeito de São Caetano

Em entrevista ao Metro Jornal, o prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior (PSDB), avalia como positivo o primeiro ano de gestão. O tucano afirma ter apostado no ajuste fiscal e em melhorias na saúde no primeiro ano de governo. O prefeito conhece bem o cargo, que já havia ocupado por dois mandatos, entre 2005 e 2012. Para 2018, a política de economia nos cofres públicos deve continuar. Projetos cortados no ano passado, como a bolsa de estudos para universitários que frequentam instituições em outras cidades, vão continuar sem funcionar. Confira abaixo os principais trechos da entrevista.

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Qual foi a prioridade da gestão em 2017 e qual vai ser o foco para este ano?

O nosso norte de prioridades vai continuar sendo o mesmo que nos levou a ganhar as eleições e também que determinou o nosso primeiro ano de governo. As nossas prioridades, de uma forma bem clara, estão centradas em saúde, segurança e geração de empregos. Essa foi a tônica do ano passado, ajustando economicamente a política de finanças do município do ponto de vista orçamentário e fiscal. Ainda que tivemos um resultado além do esperado no ajuste fiscal, nós não podemos perder o norte de que 2018 continua sendo um ano de ajustes. Então, associado a todo esse elenco de prioridades, o ajuste fiscal continua sendo o principal.

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Você reclamou da situação financeira assim que assumiu a prefeitura. Como está agora?

Não diria para você que está no verde, mas diria que fizemos a lição de casa. Conseguimos retomar o equilíbrio fiscal do município até de forma antecipada. Nós acabamos o ano absolutamente com superavit orçamentário e com todos os fornecedores pagos, mostrando que o ajuste que nós produzimos ao longo de 2017 cumpriu a meta. Nós tínhamos previsão de que não chegaríamos em um equilíbrio orçamentário ainda em 2017 e conseguimos produzir esse resultado, o que nos alegra muito. Mas de toda forma, entendendo que isso foi produto de um grande sacrifício feito pela administração. Obviamente, quem paga essa conta é o morador.

Há obras em hospitais e unidades de saúde em andamento. Qual o seu projeto para a área?

Nossa visão da saúde é em longo prazo. São quatro pontos, três deles que estamos atacando de imediato. O primeiro é o acesso à consulta. Neste quesito, estamos absolutamente em dia. Ainda há especialidade com demanda reprimida e isso vai ter sempre. Diferentemente do momento que nós encontramos aqui, agora temos oferta e demanda equilibrada. Não significa que não haja fila. Dizer que em um sistema de saúde público não tem filas é utópico. Mas o de São Caetano está equilibrado, atendido e controlado. O segundo ponto é a oportunidade da consulta ser complementada com exame de diagnóstico. Assim como estamos em dia com consulta, nós também estamos com exames. O terceiro ponto, para completar o ciclo, é a assistência farmacêutica. Encontramos um sobrepreço na ordem de mais de 100%. Hoje, estamos gastando cerca de R$ 1 milhão por mês com assistência de medicamentos e havia mês, na outra gestão, que atingia R$ 2,5 milhões. O quarto fator é a assistência hospitalar. Os hospitais municipais estão com um conjunto de reformas que se encaminham para o final. Então vamos ter assistência hospitalar plena para este primeiro semestre.

E as UBSs (Unidades Básicas de Saúde)?

UBS é problema à parte que ainda vai entrar em um programa de incentivo com emendas parlamentares. Estamos fazendo um esforço excessivo para ter toda a rede assistencial reformada ao longo de 2018 e 2019. Algumas já estão em obras, mas ainda vamos finalizar o planejamento. Nossa ideia é atingir 2019 com toda a rede assistencial básica reformada. Nosso principal investimento é a saúde, não há dúvida disso.

São Caetano vai reajustar a tarifa do ônibus municipal este ano?

Há muitos anos a questão da tarifa do transporte público é uma discussão regionalizada. O Consórcio (Intermunicipal do ABC) tem sido o protagonista disso. É óbvio que em algum momento haverá esse reajuste, mas não foi aberta ainda a discussão na entidade.

As mudanças na avenida Goiás, com implantação de uma via reversível, têm previsão para saírem do papel? Existem alternativas em discussão?

Há soluções que eu diria que não são alternativas, mas complementares. A questão da reversão da faixa na Goiás ainda não está definida. Eu sou favorável que se reverta uma faixa, mas aí vem o grupo técnico e mostra numericamente que o impacto vai trazer uma agilidade que não compensa porque vai ter certo prejuízo. Enfim, tem uma discussão técnica que ao meu ver ainda não está finalizada. Eu quero retomá-la agora no início do ano. Há soluções complementares. Por exemplo, o sincronismo semafórico, que acaba impactando nas transversais. Assim como a questão do estacionamento rotativo, que também tem um efeito. São soluções que se complementam, mas a central dela, que é a reversão da faixa, ainda está em discussão e não finalizada. Eu quero, mas quando o técnico senta na minha frente e mostra que por A mais B não é uma boa saída, eu, com juízo, tento entender isso.

Muitos estudantes ainda reclamam do fim do AEC (Auxílio Educacional Complementar). O benefício voltará neste ano?

Não vai ter. O programa de bolsas de estudos na cidade é muito amplo, e eu falo com muito conforto porque fui eu que iniciei isso em 2007. Ele era composto basicamente por duas grandes ferramentas. Uma era a bolsa da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) e a outra era o AEC. Infelizmente, em 2017 nós tivemos que pagar contas de 2016 em relação ao auxílio. Do ponto de vista do orçamento, era impossível deixar ativo no ano passado. Não temos previsão para ativá-lo em 2018 e vamos reavaliar o que vamos fazer para 2019.

O corte faz parte do ajuste fiscal?

Faz parte. E a bolsa da USCS também está dentro desse pacote de ajustes.

Como está a atuação da Controladoria-Geral do Município em São Caetano?

A Controladoria é um ato pioneiro, e, como toda inovação, há um período de maturação do processo. Ela já tem resultados significativos, que são sigilosos porque envolvem servidores públicos. Mas os resultados são além do que nós esperávamos. É óbvio que a gente espera que para 2018 os processos estejam mais amadurecidos, mais engrenados, e que a gente consiga ter resultados mais exuberantes e expressivos. Mas está indo muito bem.

E como você avalia o cenário nacional das eleições de 2018?

Vejo com muita expectativa. Acho que vamos dar uma chance ao Brasil de novamente escolher o caminho que ele quer seguir. Tem propostas claras de que o país pode retomar o desenvolvimento. Nós precisamos ter uma candidatura de convergência e reformista. Vejo com todas as letras que esse nome é do governador (de São Paulo) Geraldo Alckmin (PSDB). Tenho muita expectativa de que possamos caminhar para um novo Brasil, absorvendo o que há de legado do governo atual (do presidente Michel Temer), absorvendo todas as mudanças que já foram implementadas, mas com um governo de reformas e pacificação. O Brasil precisa sair dessa coisa de negros contra brancos, desse ‘Fla-Flu’ permanente.

Você pensa na reeleição como prefeito ou em disputar outro cargo?

Sinceramente, eu não penso em outro cargo. Quero me dedicar a esse mandato. Eu tenho comigo uma questão de trazer São Caetano de volta ao caminho do desenvolvimento.  

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