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Governo de SP oferece wi-fi gratuito no Metrô. Mas será que funciona?

Ernesto Rodrigues/Folhapress

Quem usa o metrô na cidade de São Paulo não precisa mais ficar desconectado. Pelo menos é isso que o Governo de São Paulo promete desde fevereiro deste ano, após disponibilizar o acesso gratuito ao wi-fi em 40 estações das linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha e 5-Lilás. No entanto, mais de três meses depois, ainda há entraves que dificultam o acesso ao serviço.

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A reportagem do Metro Jornal visitou três das quatro linhas que disponibilizam o sinal gratuito e conversou com usuários que já testaram o serviço.

A primeira parada foi na estação Clínicas, da linha 2-Verde, onde fizemos o cadastro para acessar a rede gratuita de wi-fi, disponibilizando nome, e-mail e telefone para conseguir acesso nas proximidades da catraca. Um vídeo institucional foi transmitido e precisou ser assistido até o fim para que a conexão fosse realizada. O sinal funcionou bem até descermos as escadas, mas ao chegarmos nas plataformas, não foi possível o acesso.

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Vale dizer que como era fora do horário de pico, a estação estava vazia e encontramos apenas pessoas navegando através do 3G.

Seguimos para a Consolação e a mesma situação se repetiu nas plataformas. Já na estação Brigadeiro, não houve conexão nem mesmo próximo às catracas.

Na estação Ana Rosa, que faz integração com a linha 1-Azul, encontramos Beatriz, de 21 anos, uma estudante de ciência e tecnologia que fez seu primeiro acesso ao serviço nessa estação, enquanto esperava uma amiga.Segundo ela, a conexão foi fácil e suficiente para usar as redes sociais. Apesar do momento ter sido de pouco fluxo na estação, Beatriz afirmou ter gostado da experiência e que planeja usar mais vezes. Já lojistas que ficam na estação disseram que o sinal funciona apenas nas proximidades das catracas, onde Beatriz estava.

Testamos a qualidade do acesso nas áreas mais afastadas, para não atrapalhar o fluxo de quem entra e sai da estação, e o sinal estava indisponível.

A reportagem do Metro Jornal tentou uma nova conexão nessa estação, mas novas informações foram solicitadas para a liberação do acesso. Além disso, o vídeo institucional foi novamente apresentado.

O wi-fi gratuito é fornecido graças a uma parceria com a N1Telecom, empresa que venceu o edital para prestar o serviço. A rede permite até 400 acessos simultâneos. Já em estações com maior fluxo, como a Sé, esse número sobe para 2 mil. Nessa estação, que integra as linhas 1-Azul e 3-Vermelha, o fluxo é bastante intenso com mais de 79 mil passageiros trafegando diariamente, segundo dados de 2016 do Metrô de São Paulo.

Outra usuária do serviço, a estudante de publicidade, Aline, de 19 anos, que estava na Sé, disse para a reportagem que nunca conseguiu navegar na internet ou usar as redes sociais nesse local.

«Acho que o sinal aqui demora para entrar e a estação é movimentada demais. Como eu ando rápido na integração, a rede vai falhando e para mim não compensa», disse.

Tentamos o acesso nas proximidades da catraca, onde havia sinal, mas não conseguimos conexão.
Já na estação Bresser-Mooca, da linha 3-Vermelha, a situação foi diferente. Segundo nota da Secretaria de Transportes Metropolitanos, o sinal estaria disponível na estação a partir de 19 fevereiro, no entanto não encontramos rede disponível e nenhuma sinalização que informe que os usuários podem se conectar no Wi-Fi. Os passageiros que estão na estação sequer sabem da disponibilidade do serviço, como acontece com o auxiliar de biblioteca, Gustavo, de 23 anos.

Ele, que também é estudante de história, conhece o wi-fi gratuito e não acreditou quando dissemos que a estação Bresser-Mooca disponibilizava o acesso, de acordo com divulgação do Governo do Estado.

«Eu costumo acessar, mas na Ana Rosa [da linha 2-Azul]. Lá tem sinalização e puffs e o acesso é bom, já testei. Mas aqui eu nem sabia que tinha, estava usando o 3G».

Depois disso, Gustavo tentou conexão, mas a rede não estava disponível. De acordo com o Metrô, a falha na  Bresser-Mooca foi pontual e mais de 3.943 pessoas se registraram na estação e se conectaram 18.013 vezes.

Outro lado

Sobre a falta de acesso nas plataformas, a gerente de negócios do Metrô, Raquel Verdenacci, disse que isso acontece por medidas de segurança e para evitar acidentes nas áreas de embarque. «Hoje temos mais de 190 mil usuários registrados [até a data de publicação dessa matéria]. Essa é uma tecnologia nova e que por estar no subterrâneo é sujeita a interferência», disse.

Questionada se a constante solicitação de dados para cadastramento não dificulta ou desestimula os usuários a acessarem o serviço, por conta do tempo que o preenchimento dessas informações exige, Raquel discordou e disse que o procedimento de coletar dados é bastante utilizado em outros lugares, como aeroportos.

O Metrô esclarece que o projeto ampliou de 6 para 40 estações com cobertura e já são mais de 191 mil pessoas registradas, que se conectaram mais de 766 mil vezes de fevereiro para cá.

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