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Denúncias marcam eleições na Venezuela

Seções vazias: de acordo com a oposição, houve baixo comparecimento às urnas

As eleições presidenciais de ontem na Venezuela foram marcadas por denúncias de irregularidades e seções eleitorais vazias. Segundo colocado nas pesquisas, o candidato Henri Falcón denunciou mais de 350 violações às regras eleitorais cometidas pelo PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela), do presidente Nicolás Maduro, virtualmente reeleito, de acordo com analistas internacionais. Em uma delas, apoiadores do governo instalaram tendas a menos de 200 metros dos locais de votação.

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Os eleitores eram encorajados pelo governo a se apresentar nessas barraquinhas depois de votar para assinar e mostrar a Carteira da Pátria – um cartão usado para obter produtos subsidiados pelo governo. A oposição acusa o governo de usar esse sistema para coagir os eleitores, que temiam perder os benefícios se não comparecessem.

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“Essa é uma desculpa [dos candidatos opositores] para explicar a falta de votos”, disse o constituinte Diosdado Cabello – um dos homens mais influentes do governo Maduro. “Não temos culpa se eles não se mobilizaram nem se organizaram. Nós sim, há muito tempo.”

A MUD (Mesa da Unidade Democrática), principal aliança da oposição, decidiu não participar do pleito por considerá-lo fraudulento. A Frente Ampla Venezuela Livre, um dos grupos de oposição ao governo do país, afirmou que a participação foi de 12%. Os governistas falaram em participação de 70%.

A cédula eleitoral trouxe impressos dez rostos de Maduro – um para cada partido da coligação governista. Falcón aparece quatro vezes.    Luis Alejandro Ratti, Javier Bertucci e Reinaldo Quijada, uma vez cada um.

No poder desde 2013, após a morte do ex-presidente Hugo Chávez, Maduro diz estar combatendo uma trama “imperialista” para “massacrar o socialismo” e tomar conta da riqueza da nação, o petróleo.

Até o encerramento desta edição na noite de ontem não haviam sido divulgados números oficiais da participação nas urnas nem parciais do resultado dela. Analistas afirmam, contudo, não ter dúvidas de que Maduro se reelegerá.

EUA, UE e Grupo de Lima não irão reconhecer resultado do pleito

Os EUA anunciaram ontem que não reconhecerão o resultado das eleições presidenciais da Venezuela, disse o número dois do Departamento de Estado, John Sullivan. Segundo ele, uma resposta às eleições será discutida hoje em um encontro do G20, em Buenos Aires. A União Europeia e o Grupo de Lima, que inclui diversos países das Américas, entre eles o Brasil, também já manifestaram que não reconhecerão o resultado.

A Igreja Católica é igualmente crítica desse processo eleitoral. “Desejo dedicar uma particular recordação à amada Venezuela. Peço que o Espírito Santo dê a todo o povo venezuelano e aos governantes a sabedoria para encontrar o caminho da paz e da união”, disse o papa Francisco, ontem, durante uma celebração no Vaticano.

“Podem falar qualquer coisa de mim, mas dizer que a Venezuela é uma ditadura é uma ofensa ao povo”, declarou Maduro.

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