O presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, apresentou nesta quarta-feira (21) sua renúncia ao Congresso, às vésperas de uma votação de impeachment, em meio à escândalo político envolvendo a construtora brasileira Odebrecht e uma compra de votos, informou a imprensa local.
De acordo com o jornal «La Republica», a decisão foi tomada depois de uma reunião entre o mandatário e seus ministros realizada nesta manhã. Um pronunciamento oficial estaria sendo preparado para as próximas horas. Com a renúncia, o primeiro vice-presidente é quem deve assumir à Presidência do Peru.
A medida acontece um dia antes de o Congresso votar a possível destituição de Kuczynski, após o governo do peruano ser marcado pela divulgação de vídeos que mostram uma suposta compra de votos em troca de obras. As imagens foram reveladas pelo partido «Fuerza Popular».
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O escândalo foi chamado de «Kenjivideos», uma referência ao deputado Kenji Fujimori, filho do ex-presidente Alberto Fujimori, que aparece no vídeo tentando comprar votos. O presidente já havia sido alvo de uma tentativa de impeachment em dezembro passado, quando se livrou por apenas oito votos. Um dos que se abstiveram da votação, contribuindo para a manutenção de Kuczynski no poder, foi Kenji.
Condenado a 25 anos de prisão por violações dos direitos humanos, corrupção e apoio a esquadrões da morte, Fujimori recebeu um indulto «humanitário» de Kuczynski poucos dias depois da derrota do pedido de impeachment no Congresso.
Eleito em 2016, Kuczynski é acusado de ter recebido propina da Odebrecht por meio de empresas de consultoria. A própria empreiteira brasileira disse que desembolsara US$ 4,8 milhões a duas firmas vinculadas ao mandatário peruano, entre 2004 e 2013.
Quando os pagamentos começaram, Kuczynski era ministro de Finanças do Peru. Inicialmente, o presidente negou ter recebido dinheiro da Odebrecht, mas depois ele mudou o discurso, alegando que havia trabalhado legalmente como assessor.
Além disso, garante não ter exercido funções na Westfield Capital, uma das empresas envolvidas no escândalo, quando ocupava cargos públicos.
O esquema de propinas da Odebrecht atingiu diversas nações da América Latina, da Argentina ao México, passando por Brasil, Colômbia, Equador e Panamá, entre outros.