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Papa critica hiprocrisia dos religiosos que ‘vivem como ricos’

Papa foi recebido por multidão | Lee Jin-man/Pool/Reuters
Papa foi recebido por multidão | Lee Jin-man/Pool/Reuters

«A hipocrisia dos homens e mulheres consagrados que professam o voto de pobreza e, contudo, vivem como ricos, danificam a alma dos fiéis e prejudicam a Igreja», disse hoje (16) o papa Francisco a 4 mil membros das comunidades religiosas sul-coreanas, no centro católico para pessoas com mobilidade reduzida de Kkottongnae, que fica a 100 quilômetros ao sul de Seul.

O papa advertiu para “o perigo que constitui o consumismo em relação à pobreza da vida religiosa”, em um país que alcançou um rápido progresso material nas últimas décadas. Falou também sobre a castidade, expressando “a entrega exclusiva ao amor de Deus”, em uma alusão a setores que defendem o desaparecimento do celibato na Igreja Católica.

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«Todos sabemos quanto exigente é [a castidade] e o compromisso pessoal que comporta. As tentações neste domínio requerem humildade e confiança em Deus, vigilância e perseverança”, lembrou Jorge Mario Bergoglio aos religiosos sul-coreanos.

Depois, o papa Francisco se encontrou com 150 representantes laicos da Igreja Católica sul-coreana, tendo-os desafiado a “ir mais além”, a ajudar os pobres e a se esforçarem para que todas as pessoas possam ter a “dignidade de ganhar o pão e manter as suas famílias”.

Em seu seu discurso, ele falou “do matrimônio” nos tempos atuais, qualificando o presente como “uma época de grande crise para a vida familiar”.

Em Seul, Papa beatifica 124 mártires e reúne multidão

O Papa Francisco beatificou neste sábado (16), em Seul, 124 mártires sul-coreanos, na presença de milhares de fiéis reunidos na Porta de Gwanghwamun, aos quais perguntou sobre o sentido do sacrifício em um mundo confrontado entre a abundância material e uma enorme pobreza.

Primeiro Papa a visitar a Ásia desde 1999, Francisco chegou à Porta de Gwanghwamun em um pequeno carro conversível da Kia fabricado especialmente para a ocasião.

Ao celebrar a missa em memória dos primeiros cristãos do país, Francisco refez sua advertência da véspera contra a sociedade de consumo, responsável por uma «desesperança» que induz ao consumo de drogas e ao suicídio, e voltou a proferir a fé e o sacrifício de Jesus como um caminho de salvação diante da deterioração dos valores humanos.

«Os mártires nos chamam a recolocar Jesus acima de tudo e a ver tudo neste mundo relacionado com Ele e seu reino eterno. Isto nos leva à pergunta se há alguma coisa pela qual estaríamos dispostos a dar nossas vidas», destacou o Papa no terceiro dia de sua visita ao «país da manhã tranquila».

O exemplo dos mártires coreanos, que aceitavam «a igual dignidade de todos os batizados» e privilegiavam «uma forma de vida fraternal que desafiava às estruturas sociais rígidas de sua época», tem muito a dizer «em uma sociedade onde ao lado de imensas riquezas se desenvolve a mais abjeta pobreza, onde raramente o grito dos pobres é ouvido».

O catolicismo foi introduzido na Coreia do Sul por laicos letrados, iniciados nesta nova «sabedoria» por jesuítas vindos da vizinha China e por missionários europeus.

A vocação dos leigos na Igreja

«Esta história nos fala da importância, da dignidade e da beleza da vocação dos leigos na Igreja», disse Francisco, que beatificou Paulo Yun Ji-Chung e outros 123 mártires, executados a partir do final do século XVIII.

Paulo foi martirizado com um primo por tentar realizar um funeral católico para sua mãe, ignorando os rituais do confucionismo.

O Papa argentino, de 77 anos, iniciou o dia batizando na nunciatura de Seul – onde está hospedado – o pai de um menino vítima do naufrágio do ferry Sewol, ocorrido em abril passado. Um gesto altamente simbólico em um país onde apenas cerca de 100 mil pessoas são batizadas a cada ano.

Na sexta-feira, Francisco evocou outro capítulo doloroso da história contemporânea da Coreia, com a divisão da península após a guerra de 1953.

A Coreia do Norte não permitiu aos católicos atravessar a fronteira para ver o Papa, que pediu aos coreanos dos dois lados que se considerem como «uma só família».

A esperança, disse Francisco, reside sobre tudo na língua comum, que permite aspirar a uma reunificação «sem vencedores nem vencidos».

Ainda neste sábado, Francisco irá a Kkottongnae, a cerca de 100 km de Seul, para visitar um centro pastoral e social da Igreja, onde encontrará portadores de deficiência, membros das comunidades religiosas e voluntários leigos.

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