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Entenda os mistérios deixados pelo avião malaio desaparecido

O desaparecimento há oito dias do voo MH-370 da Malaysia Airlines, que ia de Kuala Lumpur a Pequim com 239 pessoas a bordo, ainda gira entorno de muitos mistérios – desde o paradeiro dos destroços até o fim da comunicação do Boing 777 com controladores por meio do ACAR (sistema que transmite dados do avião para o controle em solo).

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Segundo o professor de transporte aéreo da USP (Universidade de São Paulo) Jorge Leal Medeiros, «o Acar transmite a comunicação com o avião independentemente de qualquer coisa».

«É claro que há omissão de informações. O governo da Malásia deve saber de algo que, por algum motivo, ainda não revelou», afirma.

“De fato existe a possibilidade de omissão do governo, eles entraram em contradição diversas vezes. Isso demonstra falta de credibilidade, inclusive, com a China – dois terços dos passageiros eram de chineses”, diz o pesquisador de Relações Internacionais da Unesp (Universidade do Estado de São Paulo), Paulo Watanabe.

Outros sistemas de rastreamento, de acordo com Medeiros, podem ser desligados de dentro do voo. «A comunicação também. Sob uma ameaça, por exemplo, quem vai falar?». Ele lembra, contudo, que a caixa preta – embora essencial para descobrir o que aconteceu com o avião, não ajuda nesta comunicação. “A caixa preta realmente não ajuda nesta questão”.

239 estavam a bordo; veja a rota que faria o avião:

Quatro horas no ar
Nesta semana, o “Wall Street Journal” revelou que o Boing 777 pode ter voado durante quatro horas após o último contato. As informações são de investigadores americanos, segundo a publicação.

“Tinha gasolina para isso”, revela Jorge Leal Medeiros. Para ele, não há chances de que a aeronave tenha passado por problemas técnicos. “O sistema Acar costuma informar deficiências, portanto acredito que não tenha sito este o caso”, explica.

Mesmo após negar que o avião tivesse voado tantas horas depois do fim da comunicação, o governo da Malásia aceitou que os Estados Unidos aumentassem as buscas nesta sexta-feira.

A Marinha americana deslocou um de seus navios e um avião de reconhecimento que participam da busca ao avião do Golfo da Tailândia para o Oceano Índico, revelou um oficial.

Terrorismo
A possibilidade de terrorismo ainda não foi descartada pelas autoridades. Para Watanabe é cedo, mas esta possibilidade não deve ser descartada. “Há uma pressão da China exatamente por conta desta hipótese. Recentemente existiram ataques na China – pode ser apenas para afetar o país”, afirma.

Perguntado sobre os motivos pelos quais nenhum grupo assumiu a autoria do desaparecimento, ele diz que é possível, embora incomum, que grupos terroristas aguardem por mais tempo para se pronunciar.

Quanto aos iranianos que embarcaram com passaportes falsos, o pesquisador de Relações Internacionais da Unesp explica: “o governo e a companhia aérea foram atrás de todas as possibilidades. Tanto para mostrar que houve investigação quanto para revelar falhas fora do sistema deles”.

Iranianos que entraram com passaportes falsos no voo / Polícia da Malásia/ / Reuters

O mesmo, de acordo com ele, serve para o caso de pessoas que nem chegaram a embarcar.

A diplomacia, segundo Watanabe, está em cheque. “Estados Unidos e China devem, cada vez mais, criticar a ação ineficiente das investigações do país. As informações seguradas pelo governo podem ser prejudiciais”, finaliza.

Outros mistérios
O celular de um dos passageiros do voo da Malaysia Airlines teria tocado depois que a família tentou contato com o desaparecido. Um vídeo veiculado pela TV estatal chinesa mostra o momento em que a chamada é completada. Entretanto, a ligação cai logo em seguida, antes que o telefone seja atendido.

Segundo o jornal «Singapore’s Strait Times», a Malaysia Airlines também teria ligado para os celulares da tripulação, que tocaram, sem ninguém atender. Os números foram encaminhados para as autoridades chinesas.

Enquanto isso, o suposto encontro dos destroços do avião é noticiado. A China chegou a anunciar na quarta-feira que um de seus satélites detectou três «objetos flutuantes» de certo volume em uma zona marítima na qual poderia ter desaparecido o Boeing 777 da Malaysia Airlines.

A agência chinesa de ciência e tecnologia informou que o satélite já havia detectado os mesmos objetos na manhã do dia 9 de março, «em uma zona marítima onde o avião poderia ter caído», acrescentando que analisa as imagens. Mais tarde, porém, as informações foram desmistificadas.

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