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Manifestante ucraniano morre em confronto e tensão aumenta

Um simpatizante da Ucrânia foi morto nesta quinta-feira por manifestantes pró-russos em confrontos na cidade de Donetsk, no leste da Ucrânia. As informações foram divulgadas por um representante local do Ministério ucraniano da Saúde.

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Segundo as primeiras conclusões dos médicos, ele foi apunhalado.

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Cerca de mil partidários do governo protestavam quando foram confrontados por militantes pró-Rússia.

A Rússia iniciou novos exercícios militares perto de sua fronteira com a Ucrânia nesta quinta-feira e não dá sinais de que irá voltar atrás em seu plano de anexar a região vizinha da Crimeia, apesar de uma iniciativa por sanções mais contundente do que o esperado da União Europeia e dos Estados Unidos.

Em um discurso incomumente robusto e emotivo, a chanceler alemã Angela Merkel alertou para uma «catástrofe» a menos que a Rússia mude de rumo.

«Não o veríamos, como vizinhos da Rússia, como uma ameaça. E não só mudaria o relacionamento da União Europeia com a Rússia», disse ela em um discurso no Parlamento. «Não, isso causaria um dano imenso à Rússia, econômica e politicamente».

O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, disse que «uma série de medidas graves» será imposta na segunda-feira pelos Estados Unidos e pela Europa se um referendo na Crimeia pedindo anexação à Rússia acontecer como planejado no domingo.

Merkel, que fala russo fluentemente e cresceu na ex-Alemanha Oriental, emergiu nos últimos dias como figura de proa nas ameaças de ações rígidas contra Moscou.

Seu vice-chanceler, Sigmar Gabriel, membro do Partido Social Democrata (SPD na sigla em alemão), normalmente simpático à Rússia, também usou um tom duro, dizendo que depende do presidente Vladimir Putin decidir se quer voltar à Guerra Fria.

No dia 1º de março Putin declarou que a Rússia tem direito de invadir seu vizinho, quando tropas russas já assumiam o controle da Crimeia, uma península no Mar Negro de etnia majoritariamente russa e que tem uma base naval russa.

O ritmo dos acontecimentos no local foi rápido, talvez assinalando um esforço de Moscou para fazer da anexação um fato consumado antes que o Ocidente pudesse coordenar uma reação.

Homens armados

Políticos separatistas pró-Moscou, que tomaram o poder na província depois que homens armados ocuparam o Parlamento em 27 de fevereiro, planejam realizar um referendo de união com a Rússia neste domingo. Países ocidentais dizem que a votação é ilegal.

A Rússia ocupou território de seus ex-vizinhos soviéticos no passado sem maiores consequências – a mais recente delas em 2008, quando Putin invadiu a Geórgia e assumiu controle total da regiões rebeldes da Ossétia do Sul e da Abkházia diante de pouca oposição internacional. Mas se Putin esperava uma resposta igualmente morna desta vez, pode ter julgado mal.

Ele parece ter afastado em particular Merkel, a líder ocidental com a qual Putin – que fala de alemão – teve o relacionamento mais estreito no passado.

Inicialmente Merkel foi mais cautelosa do que outros líderes ocidentais na reação à ocupação russa da Crimeia, mas nos últimos dias se destacou como uma das críticas mais severas do Kremlin, pressionando para que a UE equiparasse suas sanções às dos norte-americanos.

O bloco de 28 membros concordou com um esboço para impor proibições de viagem e congelamento de bens de indivíduos e empresas russos, e se espera que implemente a medida e anuncie a lista dos afetados já na segunda-feira, dia posterior ao referendo na Crimeia.

A ação da UE é crucial, porque a Europa faz dez vezes mais negócios com a Rússia do que os EUA, comprando a maioria das exportações de gás e petróleo de Moscou.

Bruxelas tem sido vista por muitos como muito menos inclinada a agir do que Washington, tanto pelos laços econômicos mais estreitos da Europa com a Rússia quanto por causa do laborioso processo decisório do bloco e das divisões internas.

A perspectiva de que as medidas da UE possam ser implementadas já na segunda afetou a economia russa.

 

Presidente em exercício vê risco de invasão russa

O presidente em exercício da Ucrânia afirmou na quinta-feira que forças russas estão concentradas na fronteira «prontas para invadir», mas ele acredita que os esforços internacionais podem colocar um fim na «agressão» da Rússia e evitar o risco de guerra.

Um comunicado publicado no site na Internet da Presidência informou que Oleksander Turchinov disse a um canal de TV local que, quando as forças russas tomaram a região ao sul da Crimeia na semana passada, outras unidades ficaram concentradas na fronteira leste da Ucrânia «prontas para uma invasão do território da Ucrânia a qualquer momento».

«Nós estamos fazendo tudo o que podemos para evitar a guerra, seja na Crimeia ou em qualquer outra região da Ucrânia», disse Turchinov, acrescentando que as forças da Ucrânia estão em estado de prontidão para pleno combate.

De qualquer forma, ele disse: «Todo o mundo civilizado apoia o nosso país. Todos os países líderes do mundo estão do lado da Ucrânia, e eu estou certo que este esforço unido na arena internacional, que coloca todos os países democráticos juntos, ainda pode nos permitir deter essa agressão.»

 

EUA pousam aviões na Polônia

Caças F-16 dos Estados Unidos pousaram na base aérea de Lask, na Polônia, nesta quinta-feira em um gesto de apoio aos membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte no leste, depois da intervenção russa na Ucrânia, informou a embaixada norte-americana em Varsóvia.

«Aumentar o destacamento de aviação foi uma escolha deliberada para demonstrar aos nossos aliados que o comprometimento dos Estados Unidos com nossas responsabilidades coletivas de defesa tem crédito e continuam valendo», disse a embaixada dos EUA em Varsóvia em comunicado, confirmando relatos da imprensa feitos mais cedo.

«Um total de 12 aeronaves devem chegar até o final desta semana.»

Essas manobras foram intensificadas a pedido da Polônia, depois que forças russas tomaram o controle da Península da Crimeia, na Ucrânia.

Mais cedo nesta semana, os Estados Unidos e a Polônia começaram exercícios de guerra em Lask. Os EUA dizem que tanto as manobras aéreas como os exercícios navais no mar Negro foram planejados antes da crise na Ucrânia.

 

Policiais conduzem manifestante ferido em confronto na cidade ucraniana de Donetsk, onde uma pessoa morreu | Mikhail Maslovsky/Reuters

Manifestante atira pedra em veículo na cidade ucraniana de Donetsk, onde uma pessoa morreu | Mikhail Maslovsky/Reuters

Manifestantes se enfrentam na cidade ucraniana de Donetsk, onde uma pessoa morreu | Mikhail Maslovsky/Reuters

Policiais prendem manifestante durante confronto na cidade ucraniana de Donetsk, onde uma pessoa morreu | Mikhail Maslovsky/Reuters

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