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Partidos concordam em redigir emenda constitucional na Ucrânia

Oposição quer dar mais poderes ao Parlamento | Gleb Garanich/Reuters
Oposição quer dar mais poderes ao Parlamento | Gleb Garanich/Reuters

Os partidos que integram o parlamento ucraniano, que se encontra em um impasse, concordaram nesta quinta-feira em redigir uma emenda constitucional que pode ser votada ainda esta semana, disse o presidente do Congresso.

Líderes de oposição, apoiados pelos manifestantes, querem o retorno à Constituição de 2004, o que passaria poderes substanciais do presidente para o Parlamento — proposta rejeitada pelo presidente Viktor Yanukovich e seus aliados, maioria do legislativo.

O presidente do Parlamento, Voloymyr Rybak, do Partido das Regiões, o mesmo do presidente, disse que líderes dos grupos parlamentares se reuniriam com ele e representantes do governo para elaborar um projeto em poucos dias. “Na próxima semana, nós vamos tomar uma decisão para examinar esse projeto de lei”, disse ele a legisladores.

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Espera-se que Yanukovich nomeie um novo primeiro-ministro em breve, para substituir o que renunciou na semana passada em um esforço até agora mal-sucedido de agradar os opositores que ocupam o centro de Kiev e edifícios públicos em outras cidades.

Em última instância, os líderes da oposição e manifestantes querem expulsar Yanukovich.

Análise – Um país sem mocinhos, só com bandidos

Milton Blay

Depois de terem derrubado o governo, os opositores ucranianos liderados pelo ex-campeão mundial de boxe Vitali Klitschko estariam próximos da vitória definitiva sobre o regime pró-russo. O presidente Viktor Yanoukovich estaria disposto a convocar eleições antecipadas – presidencial e legislativas – para superar a crise.

A Europa coloca a pressão sobre Kiev, ameaçando o país de sanções. Estados Unidos e União Europeia prometem ajudar financeiramente a Ucrânia caso o nó se desate.

O fim próximo do impasse é comemorado pelas diplomacias das principais capitais europeias, que sempre apresentaram a crise como uma luta fratricida entre manifestantes pró-democracia e um governo autoritário, teleguiado por Moscou.

Esta versão, estilo mocinho contra bandido, não corresponde à realidade do país, e sim a interesses geopolíticos. Muitos manifestantes que foram às ruas nos últimos dois meses são alérgicos à democracia.

Nacionalistas e fascistas de extrema direita formam o núcleo duro dos protestos e dos ataques lançados contra prédios governamentais.
Eles são liderados pelo partido antissemita Svoboda (Liberdade), cujo líder, Oleg Tiagnibok, afirma que uma “máfia judaico-moscovita” controla a Ucrânia.

O movimento, que administra a cidade de Lviv, organizou uma marcha com 15 mil manifestantes carregando tochas em memória do líder fascista ucraniano Stepan Bandera, cujas forças combateram ao lado dos nazistas na Segunda Guerra Mundial. É útil lembrar que um milhão de judeus foram assassinados pelos ucranianos durante o conflito.

Nos recentes protestos, Svoboda foi ultrapassado por grupos ainda mais radicais, como o Setor de Direita, que reclama uma “revolução nacional” e fala em “guerra de guerrilha prolongada”.

O objetivo desses grupos não é se associar à União Europeia , mas instaurar um regime fascistoide na Ucrânia.

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