Policiais em posição antes de enfrentamento com manifestantes, em Kiev | K. Chernichkin/Reuters
A polícia entrou em confronto com manifestantes que bloquearam um edifício no centro de Kiev, na madrugada de ontem, e o destino do governo da Ucrânia ficou incerto depois que o presidente, Viktor Yanukovich, ofereceu cargos importantes aos líderes da oposição.
Um dos opositores do presidente disse que a oferta era uma tentativa de destruir o movimento de protesto, que nasceu devido à guinada de Yanukovich para longe da União Europeia e em direção à Rússia. Na esperança de por um fim aos protestos que ameaçam levar o país a uma paralisação, Yanukovich ofereceu no sábado o cargo de primeiro-ministro ao ex-ministro da economia, Arseny Yatsenuyk.
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Ao líder da oposição, Vitaly Klitschko, ex-campeão de boxe, foi oferecido o cargo de vice-primeiro-ministro, responsável pelas questões humanitárias, segundo um comunicado da presidência.
O confronto aconteceu depois que Yanukovich fez a sua maior concessão desde o início da crise, que já dura dois meses, matou pelo menos três pessoas e aumentou a tensão entre a Rússia e o Ocidente.
Manifestantes, em Kiev, montam barricadas para enfrentar policiais | Fotos: K. Chernichkin/reuters
Panela de pressão, por Milton Blay
Desde o fim do século 18, a Ucrânia foi invadida e colonizada pelo governo russo. Viveu à sombra da brutalidade moscovita. A independência só viria com a queda da União Soviética. Mesmo assim, uma liberação hipotética, já que o país seguiu dependendo da Rússia.
Entre 2004 e 2005, a revolução laranja soprou como um vento de liberdade. Acreditou-se, enfim, que o país se transformaria em um Estado moderno. O que se viu, porém, foi corrupção e incompetência.
No fim de 2013, o presidente Viktor Yanukovich, homem de confiança do Kremlin, agitou uma bandeira de esperança, ao negociar um acordo com a União Europeia. No último minuto, no entanto, se negou a assiná-lo, obtendo em troca mais ajuda da Rússia.
A Ucrânia tornou-se peça chave da estratégia expansionista de Vladimir Putin. O país, dividido, virou uma panela de pressão.
Milton Blay – Correspondente das Rádios Bandeirantes e BandNews em Paris, França