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Telescópio espacial Gaia é lançado na Guiana Francesa

O foguete lançador decolou nesta manhã do centro espacial de Kuru | S. Brunier / Reuters
O foguete lançador decolou nesta manhã do centro espacial de Kuru | S. Brunier / Reuters

O telescópio espacial europeu Gaia, «o cartógrafo da galáxia», foi lançado com sucesso nesta quinta-feira por um foguete Soyuz da Guiana Francesa, com a missão de realizar um atlas em 3D da Via Láctea.

O foguete lançador decolou do centro espacial de Kuru, na Guiana Francesa, às 9h12 locais (7h12 no horário de Brasília). O telescópio se separou do foguete 41 minutos e 59 segundos depois do lançamento.

Após a separação, Gaia, construído pela empresa Astrium sob encomenda da ESA, Agência Espacial Europeia, deve efetuar uma «sequência automatizada crítica». Para Dave Milligan, diretor de operações para Gaia da ESA, esta etapa é «muito delicada».

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Se tudo correr bem, Gaia se posicionará a 1,5 milhão de quilômetros da Terra, em um local privilegiado – o ponto de Lagrange 2 -, que tem como uma de suas vantagens possuir um entorno térmico estável, e descreverá uma órbita elíptica para evitar os eclipses do sol pela Terra.

A missão vai durar no total cinco anos, talvez seis, durante os quais o telescópio-satélite localizará um bilhão de estrelas, cada uma das quais será observada setenta vezes. Em mais de 99% delas, nunca se estabeleceu com precisão sua distância com relação à Terra.

O fundamental da missão Gaia consiste em determinar a posição e o movimento das estrelas, assim como sua distância, o parâmetro mais difícil de se obter, uma vez que a mais próxima se encontra a quase 40 bilhões de quilômetros.

Gaia dará continuidade à tradição europeia do mapeamento estelar, herança do astrônomo grego Hiparco, o primeiro que, a olho nu, mediu a posição de mil estrelas.

Em 1989, mais de 2.000 anos depois de Hiparco, a ESA lançou um satélite com seu nome, dedicado à astrometria, que deu as coordenadas celestes de umas 120.000 estrelas.

Gaia e seus dois telescópios são feitos de carbeto de silício (também denominado carborundum), cada um com três lentes retangulares curvas, cem vezes mais precisas do que as do satélite Hiparco. O dispositivo será capaz de distinguir estrelas com brilho 400.000 vezes mais fraco do que o olho humano pode perceber.

«É o telescópio espacial mais moderno já fabricado na Europa», informou a Astrium. Gaia também usará «um sensor fotográfico com precisão nunca equiparada», prosseguiu.

Para preservar a exatidão de suas medidas, o satélite será controlado da Terra por uma rede de telescópios, de tal forma que sua posição será determinada com um erro máximo de cem metros.

«O cartógrafo da galáxia» também terá como tarefa fazer o levantamento dos asteroides do Sistema Solar e, inclusive, descobrir novos exoplanetas.

Com Gaia, os astrônomos entrarão «no mundo do ‘Big Data'», afirmou Véronique Valette, chefe do projeto Gaia na CNES, agência espacial francesa.

A missão fornecerá mais de um petabyte (um quadrilhão de bytes) de dados para analisar, ou seja, a capacidade de 250.000 DVDs. «O tratamento cotidiano (dos dados) será o desafio mais importante», acrescentou Mignard.

Seis centros, entre eles o do tratamento de dados do Centro Espacial de Toulouse, receberão este fluxo permanente e enorme de informação, inutilizável em seu estado bruto e que depois deverão interpretar para torná-la inteligível.

Para enfrentar este desafio, o CNES, que fará entre 35% e 40% do tratamento de dados da missão, equipou-se com computadores de uma potência de cálculo de até seis trilhões de operações por segundo.

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