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O Ministério do Interior egípcio anunciou nesta quinta-feira que a polícia está autorizada a usar munições verdadeiras quando os manifestantes atacarem bens públicos ou as forças da ordem. O anúncio foi feito após manifestantes islâmicos atearem fogo a um edifício governamental na província do Cairo e depois de a polícia e o Exército terem dispersado apoiadores do presidente deposto Mohamed Mursi. A onda de violência no Egitocausou a morte de 525 pessoas, de acordo com o Ministério da Saúde.
Também nesta quinta-feira, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou ocancelamento dos exercícios militares no Egito para protestar contra a morte de centenas de manifestantes. Os exercícios militares também foram cancelados em 2011, no auge da revolta no Egito que derrubou o antigo ditador Hosni Mubarak, um aliado próximo dos EUA.
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O presidente dos EUA disse que o seu país não está do lado de nenhuma força política egípcia e defendeu o cancelamento do estado de emergência decretado pelo governo egípcio e o arranque do processo de reconciliação nacional.
França, Grã-Bretanha e Austrália, em conjunto, solicitaram uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas para discutir o massacre no Egito, segundo diplomatas. O encontro, a portas fechadas, pode ocorrer até esta noite.
O Papa Francisco fez um apelo à “paz, ao diálogo e à reconciliação”. Os mais de 500 mortos incluem 202 manifestantes do campo de Rabaa Al Adawiya, no Cairo, e 43 agentes policiais por todo o país, disse fonte oficial do ministério.
A violência no Egito foi desencadeada quando, na quarta-feira, as forças de segurança invadiram acampamentos de protesto pró-Mursi, o presidente destituído e detido pelo exército no dia 3 de julho.
Toque de recolher
A polícia egípcia desalojou vários membros da Irmandade Muçulmana, favoráveis ao presidente deposto Mohamed Mursi, que estavam acampados em duas praças no Cairo, na quarta-feira. Como consequência, 149 pessoas morreram após o confronto. Segundo o colunista da BandNews FM Milton Blay, «o país decretou estado de urgência por um mês e decretou toque de recolher em 11 províncias».
De acordo com Blay, vários países estão condenando a ação da polícia neste episódio. «A União Europeia julgou extremamente preocupante as informações do massacre no Cairo e pediu às autoridades egípcias que colocassem um ponto final na violência», disse.
Demissão de ElBaradei
O vice-presidente egípcio, o Prêmio Nobel da Paz Mohamed ElBaradei, anunciou sua demissão ao presidente interino do país, depois da violenta operação para dispersar os manifestantes pró-Mohamed Mursi.
ElBaradei deplorou o número de mortos na operação, principalmente porque «isso poderia ter sido evitado».