A superfície da Lua, à primeira vista, pode parecer a coisa mais comum e árida do universo, mas na realidade, desde a primeira visita a este astro pela NASA, surgiram sérias dúvidas sobre como diabos a composição atual do manto lunar teria se formado. Hoje, finalmente, uma pesquisa científica lança um pouco de luz sobre como tudo aconteceu.
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Nosso astro que sempre acompanha a Terra se tem se tornado objeto de obsessão, tanto para a comunidade científica quanto para os simples mortais ao longo de milênios inteiros. Temos o exemplo perfeito recente que vivemos em grande parte do continente americano com o último eclipse solar total que experimentamos no passado 8 de abril de 2024.
Agora teremos que esperar praticamente três décadas para voltar a vivenciar outro fenômeno como este. Mas enquanto esse momento distante chega, que muitos de nós talvez não possamos testemunhar plenamente, a comunidade científica publicou uma pesquisa brutal que finalmente resolve um grande mistério.
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E é que, há décadas, a pergunta séria e constante sobre como o solo da Lua foi formado foi mantida, assim como registrado em cada exploração. Felizmente, já temos a tecnologia suficiente e necessária.
Como é que a Lua virou de cabeça para baixo
Um novo estudo do Laboratório Planetário e Lunar da Universidade do Arizona resolveu o mistério de como a Lua "literalmente virou de cabeça para baixo" bilhões de anos atrás e finalmente temos as respostas desejadas, embora sua compreensão possa ser um pouco complicada. Então, vamos por partes.
A pesquisa, em primeiro lugar, foi publicada na edição mais recente da Nature Geoscience, descrevendo como chegaram às suas conclusões, combinando simulações por computador e observações reais para revelar a evolução da instabilidade das entranhas lunares que acabaram se refletindo em sua camada externa.
"A nossa Lua virou-se de cabeça para baixo", explica Jeffrey Andrews-Hanna, coautor do estudo e professor associado do LPL. "No entanto, há poucas evidências físicas que lancem luz sobre a sequência exata de eventos durante esta fase crítica da história lunar, e há muita discordância nos detalhes do que aconteceu".
No entanto, o estudo sugere que a Lua, após sua formação há 4,5 bilhões de anos a partir de um impacto gigante, na verdade estava coberta por um oceano de magma. Ao esfriar, esse magma formou o manto e a crosta lunar. No entanto, sob a superfície, a jovem Lua era um caldeirão de atividade que eventualmente emergiu à superfície.
Os modelos computacionais da equipe da Universidade do Arizona mostram que o magma sob a crosta lunar eventualmente cristalizou em minerais densos como a ilmenita, rica em titanio e ferro. Isso acabou causando uma instabilidade gravitacional que os afundou para o interior da lua.
Assim, milênios depois, esse material denso se misturou com o manto e fundiu, retornando à superfície através de fluxos de lava ricos em titânio, que são visíveis hoje em dia e que compõem grande parte do manto lunar.
A gravidade é o segredo da superfície da Lua
Para chegar a essas conclusões, os cientistas utilizaram suas análises sobre o próprio campo de gravidade da Lua, mapeado pelo satélite GRAIL da NASA, para rastrear a distribuição dos restos de ilmenita, verificando também a direção de sua ordem e movimento.
As análises resultantes no final mostram que os modelos e os dados coincidem, de acordo com os autores do estudo. Foi demonstrado que os materiais de ilmenita se deslocaram e afundaram no interior em forma de cascata, deixando um rastro único, que pode ser claramente identificado e que até mesmo causa anomalias no campo gravitacional lunar.
O afundamento chave para esse fenômeno de inversão das camadas teria ocorrido inicialmente cerca de 4,220 bilhões de anos atrás, mas as consequências disso ainda seriam visíveis até os dias atuais.