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Esquerda da Bolívia tenta se descolar de Evo Morales após vitória

Ao centro, de jaqueta aberta, está Luis Arce Catacora, novo presidente boliviano | Reprodução/rede social

O braço direito de Evo Morales venceu ontem as eleições bolivianas. Com 52,4% dos votos, segundo Instituto Ciesmori, o economista Luis Arce é o novo presidente da Bolívia. O resultado de ontem  foi reconhecido por todos os opositores e acontece depois de Morales renunciar ao cargo ano passado e o então governo pró-Estados Unidos, liderado por Jeanine Áñez, assumir o país. Arce comemorou “a  recuperação da democracia na Bolívia”.

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Chamado por especialistas de “pêndulo”, a história política na América Latina tende a se alternar. Ora os eleitores apostam em candidatos de direita e ora, de esquerda. E, segundo a doutora em direito internacional e professora da UNICuritiba, Priscila Caneparo, a eleição de Arce não chega a surpreender.

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“A partir dos anos 2000, surgiu essa guinada à esquerda, conhecida como ‘onda vermelha’ na América Latina, muito em resposta aos governos neoliberais da década de 1990. Mas, com esse pêndulo histórico, a população não alcançou aquilo que desejava, já que esses governos, assim como os anteriores, cometeram inúmeros erros”, explica a professora ao mencionar o reaparecimento do conservadorismo a partir de 2010.

Para Priscila, o conservadorismo na região pode ser interpretado como uma “marolinha” ao invés de onda, já que o resultado de ontem, uma vitória do MAS (Movimento Para o Socialismo), vem para questionar a durabilidade de governos de direita na região e o próprio governo boliviano anterior.

Para Tomaz Paoliello, professor de relações internacionais da PUC-SP,  apesar de existir uma onda conservadora na região, não significa que a direita irá ganhar todas as eleições.

“No caso da Bolívia, por exemplo, fica claro que mesmo que não seja popular, capaz de vencer eleições, a direita tem muita força e poder político. Arce vai ter que lidar com isso.”

“Ele [Luis Arce] é o candidato do Evo e do MAS, e ganhou principalmente por causa disso. Não tem dúvidas que é uma sucessão. No entanto, é comum que políticos depois de eleitos caminhem para o centro, numa tentativa de ampliar sua base de apoio e trazer setores sociais estratégicos para junto do governo”, explica o professor.


* Supervisão: Vanessa Selicani

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