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Emissão de carbono aumenta chance de terremotos, diz estudo

Reprodução/Twitter

A emissão de dióxido de carbono pode não apenas contribuir para o aumento da temperatura média global, mas também impulsionar a atividade sísmica. Esta é a hipótese de um estudo inédito conduzido pelo Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia (INGV).

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Os pesquisadores conseguiram mostrar uma relação entre os terremotos que destruíram diversas cidades na região central da Itália nos últimos anos e a presença do gás no aquífero que corta a cordilheira dos Apeninos.

As pesquisas foram lideradas pelo INGV em parceria com a Universidade de Perugia e os resultados foram publicados na revista «Science Advances» nesta quarta-feira (26).

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O coordenador do estudo e pesquisador do INGV, Giovanni Chiodini, explicou que ficou comprovado que há uma «correspondência entre a emissão profunda do CO2 e da atividade sísmica e que, em períodos de elevada sismicidade, são registrados picos no fluxo de dióxido de carbono também profundos, que diminuem gradualmente à medida que a energia sísmica e o número de terremotos diminuem».

«No que tange a relação temporal entre a verificação de um evento sísmico e a soltura do CO2, ainda precisamos de aprofundamento. Neste estudo, nós temos a hipótese que a evolução da atividade sísmica na zona apenina seja modulada pela subida do gás que deriva da fusão de porções da placa que estão imersas no manto», acrescentou Chiodini.

A fala foi confirmada por outro pesquisador, da Universidade de Perugia, Carlo Cardellini, que ressaltou que «dos dados emerge uma correlação entre os dois fenômenos, mas não sabemos ainda se o gás carbônico é um sinal que pode anunciar um terremoto. Para descobrir isso, vamos continuar tentando monitorar».

Para chegar às conclusões, os especialistas analisaram dados geoquímicos e geofísicos entre 2008 e 2018, incluindo os períodos relativos aos grandes terremotos registrados em Amatrice e Norcia.

«A estreita relação entre a liberação do CO2 e a magnitude dos terremotos, juntamente com os resultados precedentes de investigações sismológicas anteriores, indicam que os terremotos nos Apeninos registrados na década analisada estão associados ao aumento profundo do CO2. É interessante notar ainda que as quantidades de gás carbônico envolvidas são da mesma ordem daquelas que são liberadas durante as erupções vulcânicas», acrescentou Chiodini.

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