A chamada imunidade de rebanho, que ocorre quando a disseminação de uma doença é reduzida por uma rede invisível de proteção – que se dá de forma natural, com mais gente contaminada, ou por meio de vacina –, pode estar mais perto do que o esperado em São Paulo. As informações são da Rádio Bandeirantes.
Modelos matemáticos elaborados por pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) indicam que isso ocorreria com a infecção de uma faixa entre 10% e 20% da população – em escala muito abaixo dos 50% a 70% inicialmente apontados como necessários.
A diferença, segundo os pesquisadores, é que os estudos iniciais consideram que o risco de infecção é o mesmo para todas as pessoas. Já o novo modelo pressupõe que o risco não pode ser homogêneo, já que envolve fatores biológicos e comportamentais.
Recomendados
Resultado Lotofácil 3081: veja os números sorteados nesta quarta-feira
Senado aprova isenção de IR para quem ganha até dois salários mínimos
Daniel Cravinho falou sobre dilema que enfrenta por seu crime. “Como fiz algo tão terrível sem ter sido...
Doutorando do Instituto de Ciências Biomédicas, Rodrigo Corder disse haver sinais de que o estado está próximo da imunidade coletiva. “Se os casos já estão em queda e não voltam a subir, mesmo após o relaxamento das medidas de controle, isso é evidência de que a localidade está próxima de atingir a imunidade coletiva. Os inquéritos sorológicos da Prefeitura de São Paulo já indicam algo nessa faixa, de 10% a 15% da população infectada.”
O governo de São Paulo confirmou na segunda-feira uma queda no número de óbitos pela segunda semana consecutiva. A redução nos últimos sete dias foi de 9% no estado e de 19% na capital. A taxa de ocupação das UTIs está abaixo dos 60%.
Outros estudos internacionais também sugerem que a imunidade de rebanho possa ser alcançada com proporções menores de infectados.
Os críticos destes trabalhos, porém, dizem que a falta de informações sobre a covid-19, como o poder de resposta do corpo contra a doença, e a diferente dinâmica das cidades não permitem afirmar que há um percentual seguro para sugerir a imunidade coletiva.
Manaus também é vista com otimismo
Cidade que experimentou o pico da pandemia em maio, quando esteve perto do colapso do sistema de saúde, Manaus, capital do Amazonas, também pode estar perto da imunidade de rebanho, segundo os pesquisadores. Lá, o número de casos vem caindo e a economia e parte das escolas estão abertas. Apesar disso, o prefeito Arthur Virgílio (PSDB) – infectado pela covid-19 –, não crê em imunidade de rebanho. “Não sabemos quando tempo dura a imunização e ainda não conhecemos o vírus”, disse ontem em entrevista à Rádio Bandeirantes. Para o pesquisador Rodrigo Corder, o fato de o estudo sugerir um índice menor de infectados para a imunidade coletiva não diminui a importância das ações de saúde para conter a covid-19. “Se algum gestor defende a imunidade coletiva como política pública ele está equivocado”, disse à Agência Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).