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Pediatras alertam para queda na vacinação durante a pandemia

Pesquisa. 61% dos profissionais relatam diminuição acentuada no número de consultas e 73%, que as crianças deixaram de receber suas doses no período determinado. Acompanhamento pré-natal também foi abandonado

Na avaliação de 73% dos pediatras, as crianças estão deixando de ser vacinadas durante a pandemia de coronavírus. O dado faz parte da pesquisa realizada pela SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) e a pela Febrasgo (Federação Brasileira de Associações de Ginecologia e Obstetrícia). Foram ouvidos por formulário online 1.525 médicos de todos os estados brasileiros.

Segundo a presidente da SBP, Luciana Rodrigues Silva, muitas crianças não têm sido vacinadas por falta de informação das famílias e medo de contaminação pelo vírus da covid-19. Ela alerta, porém, que a redução da imunização pode aumentar os riscos de doenças que foram eliminadas ou têm baixa prevalência hoje em dia. “Nós não queremos que doenças que já estão erradicadas ou diminuíram muito voltem a nos assustar”, enfatizou Luciana.

De acordo com a pesquisa, 70% dos médicos dizem que as famílias têm medo de se contaminar ou infectar as crianças com o novo coronavírus em consultas presenciais. Na mesma linha, 82% dos médicos relataram um aumento dos atendimentos por telefone, aplicativos de mensagem e outras formas de comunicação a distância.

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Comportamento

O estudo também revela que 88% dos médicos perceberam alterações comportamentais nas crianças. Em 75% das situações, os profissionais notaram alterações de humor. Para Luciana, o isolamento social traz prejuízos ao desenvolvimento das crianças. “É prejudicial porque causa maior irritabilidade e perda de atenção, além de disponibilizar mais tempo de tela, em frente aos computadores e celulares”, explicou.

Como forma de minimizar esses problemas, a presidente da SBP diz que os pediatras devem orientar as famílias. “O profissional precisa auxiliar em como envolver as crianças nas atividades domésticas, atividade física e em como fazer estímulos comportamentais para que o desenvolvimento não seja comprometido.”

A maior parte dos pediatras (63%) afirmou que trabalham sem infraestrutura e equipamentos de segurança adequados. “Nós temos no serviço de saúde alguns lugares que possuem todos os equipamentos, estrutura física para atender pacientes da covid-19, com profissionais de saúde adequadamente vestidos e protegidos. Mas isso não ocorre em todas as unidades, como deveria ocorrer, sobretudo nas instituições públicas”, destacou Luciana.

Pré-natal

Em relação aos ginecologistas e obstetras, mais da metade (52%) deles perceberam atraso das gestantes em fazer os exames no pré-natal e 8% disseram que as pacientes simplesmente deixaram de fazer os procedimentos.

Para o presidente da Febrasgo, César Fernandes, a ausência e o acompanhamento de forma irregular é preocupante e pode atrapalhar tratamentos necessários aos bebês.

“A sífilis congênita é um mal que praticamente não considerávamos há uma década. Aumentou o número da doença no Brasil de forma vergonhosa. E você tem que fazer o diagnóstico antes de 14 semanas de gestação para um tratamento apropriado”, exemplificou sobre a necessidade de exames no pré-natal.

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