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Na mira dos grandes, TikTok segue popular

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O TikTok se tornou um dos maiores sucessos da internet durante a pandemia de covid-19. Mas apesar do app estar disponível em mais de 150 países e com número superior a 1 bilhão de usuários, dúvidas sobre sua segurança e privacidade de dados têm alertado autoridades no mundo todo. Em alguns casos, como a Índia, o aplicativo já foi proibido e segue na mira de outras nações como Reino Unido, Estados Unidos, França e Austrália.

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“O TikTok solicita uma série de permissões em seu dispositivo e, com a permissão concedida, ele tem acesso total à câmera, ao microfone, à conexão wi-fi do dispositivo e aos contatos telefônicos. Tudo isso permite que o aplicativo funcione e tire fotos, vídeos,  grave áudio e som. Ele inclusive pode manter ligado no dispositivo e iniciar o aplicativo automaticamente quando o telefone for reiniciado, como o recurso de inicialização de alguns aplicativos em computador, por exemplo”, contou  ao Metro Jornal James Jin Kang, professor de computação e segurança na Edith Cowan University, com sede na Austrália.

Nos Estados Unidos, a proibição do aplicativo tem sido levada a sério e integrantes do governo, assim como o presidente Donald Trump, se pronunciaram.

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Fundação Renova - agosto 2020

Em comunicado à imprensa, o secretário de estados dos EUA, Mike Pompeo, anunciou o programa chamado “Rede Limpa”, o qual explica a abordagem do presidente Trump como a finalidade em “proteger a privacidade dos cidadãos norte-americanos e as informações mais confidenciais das empresas do país contra intrusões agressivas de atores malignos, como o Partido Comunista Chinês.”

No início deste mês, Trump chegou a ameaçar retirar a plataforma do país por meio de uma ordem Executiva. “No que diz respeito ao TikTok, estamos proibindo-o nos Estados Unidos”, afirmou o republicano.

Em resposta, a diretora geral da empresa nos EUA, Vanessa Pappas, afirmou que a força-tarefa no país busca construir o mais seguro dos apps.

Uma das preocupações sobre o TikTok é a segurança. Entenda o que o aplicativo possui permissão para acessar no seu celular:

• Gravação de áudio e vídeo.
O TikTok tem acesso total à câmera e microfone (o que permite o aplicativo gravar vídeos), mas segundo o professor Kang, isso pode acontecer sem que o usuário perceba.

Acesso a outros aplicativos do celular.
Um dos recursos mais importantes é que o TikTok pode acessar outras plataformas em execução ao mesmo tempo. Isso pode dar permissão para acessar dados bancários, por exemplo.

• Localização.
TikTok tem acesso total à localização GPS.

Os 7 aplicativos mais  baixados do mês de julho

  1. TikTok
  2. Facebook
  3. ZOOM
  4. Instagram
  5. WhatsApp
  6. Messenger
  7. Google Meet

ENTREVISTA COM TOMÁS PAIVA SÓCIO DA ÁREA DE INTERNET DA MUNDIE E ADVOGADOS 

Como a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) pode impactar o TikTok no Brasil?

A Lei Geral de Proteção de Dados do Brasil impacta a operação do TikTok porque a lei brasileira, assim como as melhores leis de privacidade no mundo, não se preocupa com a localização da empresa. Ou seja, não é o fato do app ter sede ou não no Brasil, mas sim se o mercado é o consumidor brasileiro e se existe coleta de dados no Brasil. Se o usuário está no Brasil no momento em que ocorre a coleta de dados, a empresa está sujeita à lei brasileira.

Há espaço no Brasil para iniciativas como a de Trump para banir o app?

O tratamento destes dados pessoais devem estar em conformidade com a lei brasileira. Com relação à LGPD, as sanções foram prorrogadas para agosto do ano que vem. Dentre as possibilidades está a suspensão e proibição de atividades de tratamento de dados. Não é que poderíamos banir o aplicativo, mas ele poderia ser proibido de realizar atividades com dados pessoais, se constatado a violação da lei. Mas tudo isso só pode ocorrer, pela LGPD, em agosto de 2021. Se quiséssemos ter essa discussão hoje no Brasil seria o Marco Civil da Internet, que traz regras específicas em relação ao tratamento de dados pessoais (no artigo 11). Já o artigo 12 do Marco Civil estabelece quais são as sanções que podem ser aplicadas e, dentre elas está desde a suspensão até proibição do exercício destas atividades.

Como os pais dos usuários menores de idade podem ajudá-los a proteger seus dados e privacidade?

Ainda que a Lei Geral de Proteção de Dados não esteja em vigor, ela é uma lei de melhores práticas e traz disposições específicas sobre dados de crianças até 13 anos. Qualquer operação só pode ocorrer mediante o consentimento dos pais ou responsáveis. A primeira cautela é que a empresa forneça aos pais toda a política de privacidade e que os mesmos autorizem a operação. E temos a regra sobre à tutela de menores e de como os pais precisam agir no melhor interesse das crianças. É imprescindível que os pais tenham acesso às contas e vejam a comunicação.

De que maneira os usuários podem se certificar que seus dados não estão sendo usados para outros fins?

Existe a obrigação de transparência da empresa de que ela forneça ao titular a informação sobre dados e retidos e a finalidade. Esta é a primeira forma de controle. O ponto mais relevante é que a lei prevê uma autoridade nacional de proteção de dados com competência para fiscalizar e requerer informações de dados e, se for o caso, fiscalizar as empresas para que elas justifiquem este acesso.

O país de origem da empresa pode ser um fator ou não para determinar a segurança digital?

Não é o país da origem da empresa que é relevante para a lei brasileira, mas sim a transferência internacional dos dados e para onde eles estão indo. A regra é que esta transferência seja recíproca entre os países. A lei brasileira busca proteger bastante a privacidade dos titulares. O que condiciona que a transferência tenha o mesmo nível de proteção, exatamente como acontece na Europa. Sabemos que a China não é um país que garante o mesmo grau de proteção. Neste caso, uma empresa como a ByteDance [proprietária do TikTok] teria que se comprometer a adotar as maiores salvaguardas e garantias de cautelas ao cumprimento da lei brasileira, já que a China não tem o mesmo nível de proteção. Letícia Bilard, Metro Jornal com supervisão de Vanessa Selicani

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