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Correios enfrentam greve em meio à alta de 400% em queixas

Alternativa para receber e mandar mercadorias sem sair de casa durante a pandemia do novo coronavírus, os Correios enfrentam explosão de queixas relacionadas a demora ou não entrega de correspondências no Procon São Paulo de 400%. Foram 2.812 casos de janeiro a julho ante 564 no mesmo período de 2019. O problema pode piorar ainda mais a partir desta terça (18), quando trabalhadores da empresa prometem iniciar greve por prazo indeterminado.

A categoria reivindica a manutenção do acordo coletivo por mais um ano, tema discutido também no STF (Supremo Tribunal Federal). Sem a estabilidade, os trabalhadores afirmam que perderão 70 de 79 direitos, como 30% do adicional de risco, vale alimentação e auxílio creche.

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As informações são do repórter Lucas Herrero, da Rádio Bandeirantes.

A Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares) afirma que a estatal não reconhece, desde o início do mês, o acordo coletivo que estaria vigente até 2021.

“Essa redução de direitos implica em perda de quase 50% do salário que nós recebemos hoje. Eu, que tenho 23 anos de empresa, ganho R$ 2.370. Com essa proposta de destruição dos direitos, meu salário vai para R$ 1.400. Eu perco R$ 1.000. Nós estamos sendo obrigados a fazer essa greve, porque é uma luta entre a vida e a morte”, disse o secretário da federação, Emerson Marinho.

Os Correios afirmam que o objetivo dos cortes é “cuidar da saúde financeira da empresa, a fim de retomar seu poder de investimento e sua estabilidade, para se proteger da crise financeira ocasionada pela pandemia”.

De acordo com a empresa, a diminuição de despesas com as medidas é de R$ 600 milhões anuais. “As reivindicações da Fentect, por sua vez, custariam aos cofres dos Correios quase R$ 1 bilhão no mesmo período – dez vezes o lucro obtido em 2019. Trata-se de uma proposta impossível de ser atendida”, diz em nota.

A estatal informou ter o respaldo do Ministério da Economia para as medidas de não conceder “benefícios que extrapolem a prática de mercado e a legislação vigente”.

Entenda o caso

As reivindicações dos funcionários foram parar no TST (Tribunal Superior do Trabalho), que em outubro de 2019 definiu as normas coletivas com os Correios, mantendo, assim, reajuste salarial e as 79 cláusulas sociais.

Porém, a estatal se baseia em uma liminar concedida pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, em novembro do ano passado, que suspende todos os efeitos da decisão do TST.

Funcionamento

A Fentect afirma que vai recuar apenas se a empresa voltar a negociar ou se a liminar do STF for derrubada, o que pode acontecer em julgamento virtual ainda nesta semana.

Cerca de 60 mil funcionários podem parar, de acordo com a federação. Os Correios dizem ter plano de contingência para garantir as atividades e que contam com o compromisso e responsabilidade dos empregados.  

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