O estado de São Paulo registrou, em média, 62 boletins eletrônicos de violência doméstica por dia durante os três primeiros meses de quarentena. O registro virtual deste tipo de crime foi liberado no dia 3 de abril, 10 dias após o início do isolamento social, e já mostra uma adesão grande das vítimas.
Segundo a SSP (Secretaria da Segurança Pública), foram 5,6 mil denúncias pela internet entre abril e junho. O dado equivale a 19,3% do total de registros de violência contra a mulher no período – 29 mil boletins de ocorrência, média de quase 9,7 mil por mês.
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Para a delegada Jamila Jorge Ferrari, coordenadora das Delegacias de Defesa da Mulher de São Paulo, a denúncia virtual busca diminuir o número de subnotificações. «A mulher não precisa sair de casa. Por qualquer meio eletrônico, ela registra e a gente consegue ter ciência de que ela precisa de ajuda do estado. Essa ajuda, normalmente, virá através da medida protetiva.»
No mesmo período consultado, foram solicitadas 14.720 medidas protetivas – mais da metade dos casos foram aceitos. Ainda de acordo com a SSP, São Paulo registrou 37 feminicídios entre abril e junho, contra 46 casos no mesmo período do ano passado.
Guardiã Maria da Penha
Na cidade de São Paulo, o programa Guardiã Maria da Penha monitora a visita de guardas municipais na casa e no trabalho de mais de 600 mulheres. Uma das vítimas atendidas, que prefere não ser identificada, teve coragem de procurar ajuda após quase ser morta pelo companheiro.
Hoje, grávida do agressor, ela está conseguindo reestabelecer a vida com auxílio psicológico e proteção dos agentes. “Antes das visitas eu não conseguia sair na porta, já ficava em pânico. Depois que as visitas começaram, recuperei a esperança de acreditar que nós, mulheres, somos fortes, devemos procurar ajuda e não deixar o medo tomar conta.”