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Número de pessoas empregadas é o menor desde 2012

Edson Lopes Jr/A2AD

O Brasil alcançou ao final de junho o menor número de pessoas ocupadas no mercado de trabalho desde que a série histórica foi iniciada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2012. Os dados são da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua divulgada na quinta-feira (6). É a primeira vez que são medidos três meses inteiros  do período de isolamento imposto pela covid-19.

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A taxa oficial de desemprego ficou em 13,3% ao final do trimestre, atingindo 12,8 milhões de pessoas. O nível da ocupação – percentual de pessoas ocupadas com empregos formais ou informais na população em idade de trabalhar – caiu de 53,5% no trimestre encerrado em março para 47,9% no trimestre até junho de 2020. No trimestre terminado em junho de 2019, o nível da ocupação era de 54,6%. “Menos da metade da população em idade de trabalhar está ocupada”, ressaltou Adriana Beringuy, analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE.

Em três meses, 8,9 milhões de pessoas perderam suas ocupações. Adriana destaca que o trabalho informal liderou em fechamento de vagas. “Da queda de 8,9 milhões da população ocupada, 6 milhões eram de ocupados informais. Ou seja, a queda na informalidade ainda responde por 68% da queda da ocupação.”

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A redução de empregos menos qualificados fez com que o rendimento médio do brasileiro tivesse alta de 4,6%, e alcançasse o maior valor da série histórica: R$ 2.500. Mesmo assim, a massa de rendimento real do trabalho teve redução de 5,6%, o que representa uma perda de R$ 12 bilhões no volume em circulação na economia.

A população desalentada, que desistiu de procurar emprego, atingiu novo recorde de 5,7 milhões de pessoas, com alta de 19,1% (mais 913 mil) em relação ao trimestre anterior e de 16,5% (mais 806 mil) em relação ao mesmo trimestre no ano passado.

Para o professor de economia da FGV (Fundação Getulio Vargas) Renan Pieri, a taxa de desemprego se tornará mais realista no segundo semestre com a flexibilização dos serviços nas cidades. “Geralmente, numa crise, as pessoas perdem o emprego e já começam a procurar trabalho. Desta vez, elas ficaram em casa sem procurar e não incorporam o número de desempregados. A partir do momento que tem flexibilização, a taxa de desemprego deve aumentar com o retorno dessas pessoas ao mercado.” Pieri afirma que o fim dos auxílios emergenciais disponibilizados pelo governo federal para manutenção de emprego e renda também devem pressionar essa taxa. “É possível que mais empresas demitam após a estabilidade dos programas.”

Na análise do professor, o pior da crise já passou. “Mas a retomada deve ser lenta principalmente por conta das incertezas sobre a covid-19.”

Setores

O comércio foi o que mais sentiu a queda na ocupação. Foram 2,1 milhões de pessoas que perderam suas vagas no setor, redução de 12,3% em relação ao último trimestre.

A construção teve queda de 16,6%. Outra perda considerável foi na categoria de serviços domésticos, em que os ocupados foram reduzidos em 21,1% frente ao trimestre encerrado em março. São 1,3 milhão de pessoas a menos nesse grupamento de atividades.

No setor de alojamento e alimentação, duramente atingido pela crise, a redução na ocupação foi de 25,2%.

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