Mais empresas abandonaram seus escritórios no último trimestre na cidade de São Paulo, de acordo com consultorias imobiliárias ouvidas pelo Metro Jornal. Mas especialistas afirmam que, apesar de coincidir com o período de quarentena ocasionado pelo novo coronavírus, é cedo para culpar o home office pelo movimento.
Levantamento da consultoria Buildings mostra que a taxa de vacância, que reflete os espaços vagos em prédios comerciais para locação, subiu de 11,69% do primeiro trimestre para 13,58% no segundo trimestre deste ano nos edifícios de alto padrão. O sócio diretor da Buildings, Fernando Didziakas, afirma que dos 93 mil metros quadrados devolvidos no trimestre, 55 mil se mudaram para outros locais e 10 mil deles já tinham previsão de transferência antes da pandemia. “O que vemos no momento é mais efeito da crise e da reestruturação das empresas. Se o home office vai mudar mais esse cenário, só poderemos analisar em um, dois anos.”
O vice-presidente de Gestão Patrimonial e Locação do Secovi-SP (Sindicato da Habitação) e da consultoria CBRE, Adriano Sartori, também diz acreditar ser cedo para se falar em efeitos do home office. “O que pode acontecer após o coronavírus é muitas empresas reduzirem o adensamento dos escritórios e manterem parte da equipe em casa. Mas no final, ficaria no mesmo espaço. Deixar um espaço físico não é opção rápida nem barata. Então, é melhor pensar se realmente o home office é a melhor saída. O ideal seria o mercado aguardar para medir os efeitos dessa crise”, afirma.
A previsão para o fim do ano, porém, é de alta ainda maior na vacância. Na projeção da consultoria JLL, a taxa poderia alcançar até 23%, número parecido ao enfrentado em 2016, quando o país passava por crise política.