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Moradores de favelas usam auxílio emergencial para ajudar amigos e família

Pesquisa realizada pelo Data Favela, parceria entre a Central Única das Favelas, Instituto Locomotiva e Favela Holding, revela que não só moradores das periferias estão sobrevivendo com grande redução de renda durante a pandemia, como também estão utilizando o que lhes resta para ajudar o próximo.

O levantamento ouviu 3.321 moradores de favelas por todo o país, entre 19 e 22 de junho.

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Segundo a pesquisa intitulada «Pandemia na Favela – A realidade de 14 milhões de favelados no combate ao novo Coronavírus», apenas 4% das famílias não tiveram redução de renda durante a crise. Ainda, mais de 80% delas viram sua renda cair para menos da metade nos últimos meses.

Quanto ao auxílio emergencial, liberado pela primeira vez em abril, quase 70% das famílias solicitou o benefício, porém 41% ainda não recebeu nenhuma parcela. 62% dos que receberam utilizaram o dinheiro para ajudar familiares e amigos; uma porcentagem que expressa a solidariedade construída entre tais comunidades.

O uso do auxílio para compra de alimentos é quase unanimidade, aplicado por 96% dos entrevistados. Produtos de higiene pessoal e limpeza também figuram alto na lista, acima do pagamento de contas básicas (68%) e compra de remédios (64%).

Ainda, mesmo com a difícil situação econômica, cerca de 63% dos moradores de favelas fizeram alguma doação durante a pandemia; porcentagem maior do que entre todos os brasileiros, em 49%.

A preocupação maior dos entrevistados é, para 89%, a saúde de seus parentes mais velhos. 88% temem perder seu emprego e fontede renda; 71% revelam preocupação com a saúde dos mais jovens, enquanto 70% temem por seu próprio bem-estar.

Líderes das entidades responsáveis pelo levantamento ressaltam que a crise de saúde e renda gerada pela pandemia tem atingido desproporcionalmente moradores da periferia, pois acirra as condições já estabelecidas pela desigualdade social.

Celso Athayde, CEO da Favela Holding, fundador da CUFA e do Data Favela acredita que as ações não devem parar. “Essa pesquisa deixa claro que a pandemia impactou da pior forma na favela. Precisamos de política pública nesses territórios, porque o estudo também comprova que senso de solidariedade, coletividade e organização a favela tem de sobra”.

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