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Estudantes da rede pública tentam manter motivação para estudar à distância

4,8 milhões de estudantes de 9 a 17 anos não têm acesso a internet no Brasil, segundo pesquisa da Unicef

Brasil é o segundo país no mundo em reprovação, atrás apenas da Colômbia Unsplash

Mais de 27 milhões de alunos da rede pública no Brasil lutam, há meses, para manter firme a motivação para estudar. Entre elas, está Lorena Rodrigues Baptista, de 11 anos, que desde o início da quarentena tem aulas na frente do computador, mas confessa esse é um desafio que traz insegurança.

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Mais complicada ainda é a rotina dos quase 4,8 milhões de estudantes de 9 a 17 anos que, segundo pesquisa da Unicef, não têm acesso a internet no Brasil. Eles dependem de canais de TV e emissoras de rádio para ter contato com algum tipo de conteúdo educacional.

Para a pedagoga e gestora de projetos no Instituto Ayrton Senna, Cynthia Sanches, com tantas barreiras e num ano atípico como este, não é justo reprovar alunos.

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«Historicamente, o Brasil promove muita repetência. Pensar numa política de reprovação agora seria escancarar ainda mais as desigualdades e colocar todo o ônus do momento no estudante», analisa.

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Um levantamento do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, da sigla em inglês) mostra que o Brasil é o segundo país no mundo em reprovação, atrás apenas da Colômbia. A consequência direta dessa política é a evasão, e o Brasil é medalha de bronze no mundo, com quase 30% dos alunos deixando as escolas.

«Reprovar pode ser o tiro de misericórdia na criança ou jovem que já está vivendo um nível de estresse elevado e que pode, aí, sim, se afastar de vez da escola», avalia o titular da cátedra Sérgio Henrique Ferreira da USP de Ribeirão Preto Mozart Neves Ramos.

Itália e Espanha não terão reprovação em 2020; outras nações vão estender o conteúdo deste ano para 2021, usando finais de semana, contra-turnos e turmas de reforço.

Tudo baseado em uma avaliação minuciosa, ainda mais necessária no Brasil, como comenta a consultora e doutora em educação pela PUC-RJ Andreia Ramal.

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