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Corrente lança notícia falsa sobre paciente curado por cloroquina

Divulgada por múltiplos perfis no Twitter, mais uma notícia falsa esteve entre os principais assuntos da rede social nesta quinta-feira (9). Internautas dizem ter informações sobre um paciente de covid-19 curado através de tratamento com hidroxicloroquina.

O mesmo homem é citado em todas as publicações, introduzido como um «primo» de nome «Antonio Carlos» e 67 anos de idade. O suposto doente estaria sendo tratado no Hospital Unimed-Rio, localizado na Barra da Tijuca, na capital fluminense.

«Acabei de sair do Hosp. Unimed da Barra, onde meu primo Antonio Carlos de 67 anos, há 16 dias foi detectado com o COVID-19 e hoje após tratamento com CLOROQUINA, está CURADO», diz a corrente, reproduzida por múltiplos perfis de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro.

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A mensagem idêntica publicada por múltiplos perfis com similar perfil ideológico disparou alerta em outros internautas. Contas mantidas por opositores do presidente passaram a reproduzir a mensagem, de maneira irônica, para descreditar a «fake news».

Em tempos de pandemia, a busca por informações que auxiliem na prevenção e tratamento da doença crescem. Aumenta, também, a veiculação de «dicas» sem base científica ou dados distorcidos que podem comprometer nosso entendimento do fenômeno.

Mais do que nunca, é necessário ter cuidado com as fontes de informação que utilizamos. Pesquisador Igor Sacramento, da Fundação Fiocruz, explica que epidemias vieram acompanhadas de boatos e pânico em momentos da história muito anteriores à internet.

Apesar dessa recorrência, ele destaca que o momento atual é preocupante pelo descrédito que a ciência vem sofrendo em parte da sociedade. «As pessoas têm confiado cada vez mais em discursos e informações que não são baseadas em evidências nem na ciência, mas na experiência de pessoas que disseram que isso aconteceu», alerta. Leia mais sobre «fake news» em saúde neste link.

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Ministério da Saúde
Após a divulgação de experiências positivas ao redor do mundo ao aplicar a hidroxicloroquina em pacientes infectados por coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro, junto a personagens de seu entorno, passou a incentivar o uso do remédio para «cura» da doença.

Até esta quinta-feira, ainda não há orientação oficial do Ministério da Saúde para aplicação da cloroquina em pacientes de coronavírus. A indicação original da substância, registrada pela Anvisa, é para tratamento de artrite, lúpus eritematoso, malária e doenças fotossensíveis.

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, reforçou que a definição médica individual é o que deve ser considerado no tratamento da doença, e que só recomendará a cloroquina caso seja referendadas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) como medicamentos viáveis no tratamento contra o novo coronavírus.

“Em uma videoconferência com o CFM e David Uip, discutimos se utilizaríamos cloroquina nos graves. Deliberamos que quem analisa é o CFM. Hoje este medicamento não tem paternidade, o governador não precisa querer politizar o assunto, ele está colocado. Quando a gente coloca situações que possam ser complexas, que nós precisamos que os conselhos analisem”, disse o titular da Saúde.

Mandetta ponderou que ministrar a hidroxicloroquina pode ser “complicado” antes do diagnóstico de covid-19, uma vez que muitas pessoas chegam aos hospitais com sintomas de síndrome gripal e leva um tempo até o diagnóstico e identificação correta do novo coronavírus. “Outra dúvida, 85% das pessoas que têm sintomas ficam bem tomando tylenol e se curam. Será que seria inteligente dar remédio para 85% das pessoas que não precisam dele e tem efeitos colaterais?”, questionou, lembrando que o medicamento pode gerar arritmia, com riscos a pacientes que não estão internados.

No último posicionamento sobre o tema, o Conselho Federal de Medicina esclareceu em nota que até o momento a Organização Mundial da Saúde (OMS) não recomenda nenhum tratamento e que “não há estudos conclusivos que comprovem a eficácia e segurança do uso de medicamentos que contêm cloroquina e hidroxicloroquina para o tratamento da covid-19.”

 

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