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1 a cada 3 crianças vive em área violenta em São Paulo

O Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) alerta: uma em cada três crianças vive em área diretamente impactada pela violência armada em São Paulo. Mais de 1 milhão de pessoas de 0 a 17 anos moram em lugares perigosos na cidade.

Dos 96 distritos da capital, 48 são considerados violentos para crianças, segundo a entidade.

Para estabelecer as áreas consideradas violentas para crianças, o Unicef usou os dados de homicídios de pessoas de 10 a 19 anos por distrito, calculou a taxa por 100 mil habitantes por distrito e, depois, considerou o total de crianças e adolescentes de 0 a 17 anos que moram nas áreas com as maiores taxas.

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Por esse critério, o mais perigoso é o Jardim Ângela, na zona sul, de acordo com o Unicef. Apesar de não ter a taxa mais alta de homicídios  entre 10 e 19 anos, é o distrito, dentre aqueles com maiores índices, com mais moradores na faixa de 0 a 17 anos: pouco mais de 56 mil.

Mãe de um menino de 10 anos e moradora do bairro, Cristina Ferreira já viu muita violência na vizinhança  e afirma que tem medo do lugar onde o filho é criado.

“Eu tenho muito medo, porque realmente pode acontecer”, afirmou. “Eu oriento meu filho, tento passar a ele valores de cuidado das amizades… Mas infelizmente isso [perigo] também está nas escolas, nas esquinas… ”, declarou.

Para Adriana Alvarenga, coordenadora do Unicef em São Paulo, esse quadro prejudica o desenvolvimento da criança. “Essas crianças e pré-adolescentes vivem sob perigo. Isso afeta a qualidade da educação, ou seja, o quanto essas crianças podem deixar de ir para a escola, o quanto elas vivem assustadas, o quanto elas têm medo de circular pela comunidade ou o quanto elas podem ser abordadas de uma maneira mais agressiva por pessoas ao circular pelo território em que elas vivem”, disse.

No ano passado, o Brasil passou a fazer parte da Parceria Global pelo Fim da Violência contra Crianças e Adolescentes, liderada pela ONU. São Paulo foi a primeira cidade do país a assinar a carta para aderir ao projeto.

Segundo a secretária municipal de Direitos Humanos, Berenice Gianella, como primeiro passo, um grupo de trabalho foi criado para estudar as condições de segurança das crianças.

De acordo com ela, em paralelo, a prefeitura trabalha para reduzir a violência no ambiente de crianças e adolescentes. “A gente vai focar em alguns temas, que o grupo ainda vai definir. Mas vai discutir violência de maneira geral. A gente sabe que a criança que é vítima de violência ou mesmo que presencia violência e, se ela está na primeira infância, pode ter danos graves no seu desenvolvimento cerebral. Então, a gente precisa sempre procurar criar ambientes saudáveis.” 

 

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