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Táxi em São Paulo passa a cobrar ‘bandeira 3’ na saída de grandes eventos

Os táxis de São Paulo passam a ter três faixas de preço. A nova «bandeira 3» será aplicada apenas em viagens iniciadas na saída de grandes eventos, como shows, congressos, jogos de futebol e espetáculos teatrais.

O acréscimo será de 30% sobre a «bandeira 2», que já é 30% maior do que a «bandeira 1». Segundo o secretário municipal de Mobilidade e Transportes, Edson Caram, o objetivo é estimular o taxista a trabalhar nos dias de grandes eventos.

No entanto, antes de começar a aplicar a nova modalidade de cobrança, os motoristas terão que passar por uma vistoria para a avaliação dos taxímetros. Publicada nesta quarta-feira (6) no Diário Oficial (portaria SMT.GAB nº 105), a medida exige que o taxista avise claramente o passageiro sobre a «bandeira 3» antes de iniciar a corrida.

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Ninguém pediu?

Apesar das boas intenções, taxistas negam que houve mobilização da classe para uma nova bandeira. «Ninguém estava reivindicando e nem seria bom neste momento por causa dos aplicativos», afirma Jandira Ferreira da Silva, de 55 anos. Ela trabalha em um ponto na região do Itaim Bibi e conta que o movimento vem sofrendo uma queda. Para a motorista, o aumento no valor pode prejudicar ainda mais o fluxo e, consequentemente, o retorno financeiro do trabalho.

Também taxista, Julio Valdassarini, de 62 anos, acredita que a mudança não faz sentido com a realidade vivida pelos profissionais. «A maioria dos taxistas está sendo obrigada a trabalhar com desconto. O aplicativo de táxi coloca os preços que quer na hora que quer. Como é que vamos reivindicar mais sendo que somos obrigados a trabalhar por menos?», questiona. Ele tem atendido clientes fixos para não ser afetado pela concorrência, mas pontua: «É perigoso virar motorista de aplicativo.»

Ambos os entrevistados não estavam cientes da criação da «bandeira 3» até conversarem com o Metro Jornal.

Já quem utiliza o táxi na saída de grandes eventos pode ter que repensar que meio de transporte sai mais em conta – é importante lembrar que, em locais com grande movimentação, serviços como Uber cobram tarifa dinâmica – mais cara que a comum.

O padeiro Maurício Jardim, de 35 anos, trabalha perto de um ponto, mas diz que usa os aplicativos com uma frequência maior. Segundo ele, a «bandeira 3» pode prejudicar ainda mais os taxistas na disputa com motoristas autônomos. «Provavelmente vai ter uma migração maior para os aplicativos.»

Maurício também analisa que os clientes devem ficar atentos, pois podem ser impactados de qualquer forma. «Diante do concorrente, o aplicativo também deve aumentar o preço nessas ocasiões», comenta.

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