O pianista Miguel Angelo Oronoz Proença disse nesta segunda-feira, 4, que defender a atriz Fernanda Montenegro foi determinante para a sua exoneração da presidência da Fundação Nacional de Artes (Funarte). Proença prometeu um concerto em homenagem à atriz após, no final de setembro, o diretor do Centro de Artes Cênicas (Ceacen) da Funarte, Roberto Alvim, chamá-la de «intocável» e «mentirosa» em publicação nas redes sociais.
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«Irritou profundamente (defender a atriz). A pessoa devia estar contrariada com ela. Não sei o porquê. Fui um dos primeiros a me manifestar. Não pensei em política, pensei em mandar um abraço a uma amiga», disse Proença, sem citar Alvim.
«O que fazer com pessoas que não entendem esse relacionamento com outros artistas e querem impor uma maneira de salvar o mundo através só dá religião? Minha religião é agradar o público», afirmou o pianista.
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Proença conta ter sido surpreendido pela exoneração, publicada nesta segunda-feira, dia 4, no Diário Oficial da União. Ele afirmou estranhar que o ato tenha sido assinado por Onyx Lorenzoni, ministro da Casa Civil, em vez de Osmar Terra, da Cidadania, área responsável pela gestão da Cultura.
Doutor em Música e pianista de renome internacional, Proença, de 80 anos, estava desde fevereiro deste ano na presidência da Funarte, que é responsável pelo desenvolvimento de políticas públicas de fomento a artes visuais, música, circo, dança e teatro.
O pianista disse que não tratou sobre a demissão com o presidente Jair Bolsonaro, Terra e Alvim. Ainda afirmou ser «curioso» que apenas ele tenha sido derrubado da fundação.
Proença foi convidado por Terra a presidir a Funarte. O ministro teria admiração por seu trabalho como músico e gestor da área de cultura e chegou a pedir coletânea de sua obra para levar a viagens ao exterior, relata Proença.
O pianista evita criticar declarações de Bolsonaro sobre a cultura. Proença afirmou que as políticas do setor deviam ser melhor explicadas ao presidente. «A palavra dele é definitiva.»
Proença disse que aconselharia Bolsonaro a ouvir «pessoas do setor». Para o pianista, a gestão da cultura pode melhorar, «se houver mais calma, se não houver corte de projetos».
Mudanças
Cotado para assumir a presidência da Funarte ou a Secretaria Especial de Cultura, antigo Ministério da Cultura, Alvim reuniu-se com Bolsonaro na última sexta-feira, dia 1º. Caso vire secretário, o Planalto terá como desafio acomodar Alvim e Osmar Terra sob o mesmo teto. A relação de ambos é vista como conturbada no governo.
Como saída, há discussões para transferir a gestão da cultura ao Ministério da Família, da Mulher e dos Direitos Humanos, comandado por Damares Alves. Havia também estudo para a secretaria ser alocada no Ministério da Educação, o que já teria sido descartado, apurou o jornal O Estado de S. Paulo.
Proença desejou «sucesso» e disse estar à disposição de Alvim, caso ele assuma a Funarte. No entanto, afirmou que atual diretor do órgão deve trabalhar para o público. «Ele é um ator e diretor que tem talento. Mas, por favor, que dirija para agradar o público e não para agradar autoridades. Ele está fazendo o contrário», afirmou o pianista.
Procurado pela reportagem, o Ministério da Cidadania não se manifestou.