Uma unidade de elite da Rússia estaria empenhada há pelo menos 10 anos em ações para desestabilizar e criar caos político na Europa por meio de revoltas, sabotagens e assassinatos.
Em uma longa reportagem, o jornal americano The New York Times diz que o agrupamento se chama «Unidade 29155» e é subordinado diretamente ao Kremlin.
Essa força de elite estaria por trás de pelo menos quatro episódios ocorridos nos últimos anos: o impulso a partidos antieuropeus na Moldávia; o envenenamento do traficante de armas Emilian Gebrev, na Bulgária; a tentativa de golpe de Estado em Montenegro; e a tentativa de homicídio contra o ex-espião russo Serghei Skripal, no Reino Unido.
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A unidade, segundo o NYT, é formada pelos agentes mais qualificados do Departamento de Inteligência das Forças Armadas da Rússia (GRU), incluindo veteranos das guerras no Afeganistão, na Chechênia e na Ucrânia.
Os quatro episódios citados já eram atribuídos a Moscou por serviços de inteligência na Europa e nos Estados Unidos, mas até então eram vistos como casos sem conexão entre si. A Unidade 29155 foi identificada pela primeira vez após a tentativa de golpe de Estado em Montenegro, em 2016, para impedir a adesão do país à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
Mas foi apenas depois do envenenamento de Skripal e sua filha, em Salisbury, em março de 2018, que a unidade passou a ser conectada a outros casos. Segundo o NYT, três membros dessa força secreta viajaram ao Reino Unido um ano antes do ataque ao ex-espião, provavelmente para coletar informações.
Dois deles, identificados pelos pseudônimos Sergei Pavlov e Sergei Fedotov, fizeram parte do grupo que tentou matar o traficante búlgaro Emilian Gebrev em 2015. Algumas dessas operações secretas, como a tentativa de golpe em Montenegro e o ataque a Skripal, não foram bem-sucedidas, mas o objetivo da Rússia seria travar uma «guerra psicológica», independentemente do resultado das ações.
A reportagem do New York Times cita fontes de inteligência de quatro países ocidentais e diz que a Unidade 29155 faz parte de uma estratégia mais ampla do presidente Vladimir Putin, que também contempla ataques cibernéticos e difusão de notícias falsas.
A GRU também é tida como responsável pelas interferências russas nas eleições americanas de 2016 e pelo processo que culminou na anexação da península ucraniana da Crimeia por Moscou, em 2014.