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Alunos vendem doces para ir à Olimpíada de Matemática na China

Em meio a um feriado ensolarado no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro, um grupo de estudantes com uniformes do Colégio Pedro II chamava a atenção na manhã de hoje (12) com dezenas de medalhas penduradas no pescoço.

Em campanha para arrecadar dinheiro, seis adolescentes vendiam palhas italianas, brigadeiros e bolos mirando um objetivo bem distante: participar da delegação brasileira na principal olimpíada de matemática da China, a World Mathematics Team Championship.

Os alunos do campus centro da tradicional escola federal do Rio foram convidados a participar do evento por seu excelente desempenho na Olimpíada Internacional Matemática Sem Fronteiras, e agora vendem doces, fazem rifas e dão aulas particulares de reforço para conseguir disputar novas medalhas do outro lado do mundo.

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Eles também criaram uma página na internet para receber doações (vaka.me/731246).Tudo com o apoio e a companhia dos pais.

Ana Catarina Ribeiro dos Santos, de 14 anos, conta que o grupo foi convidado para três competições internacionais. A equipe tem quatro meninas e quatro meninos do 8º e do 9º ano do Ensino Fundamental. No colégio, ela afirma que é sempre incentivada a participar de olimpíadas e projetos ligados à área.

Incentivo dos pais

«Sempre gostei de matemática, mas não conhecia nenhuma olimpíada no meu antigo colégio. Quando entrei no Pedro II, vieram essas olimpíadas, e meus pais incentivaram que seria legal participar para me acostumar», lembra ela. «Comecei a fazer e não parei mais».

Para que oito alunos e dois professores consigam viajar para a China, o orçamento passa dos R$ 100 mil, e o grupo arrecadou cerca de R$ 10 mil. A competição será em Pequim entre 21 e 25 de novembro, e inclui provas individuais, de revezamento e em grupo.

Em cada categoria, os estudantes têm até 40 minutos para resolver problemas matemáticos de diferentes graus de dificuldade. Além da matemática, é preciso saber inglês ou chinês, já que as questões são apresentadas apenas nestes idiomas.

Pensando em formas de juntar dinheiro, os estudantes encontraram um jeito de aliar a arrecadação ao treinamento: aulas de reforço para outros alunos do Ensino Fundamental. Duas vezes por semana, eles recebem estudantes em uma sala na Tijuca e tiram dúvidas sobre o conteúdo da disciplina. Samuel Fraga dos Santos Soares, de 14 anos, já deu aulas no projeto.

«Muita gente vai porque tem dificuldade, está em período de recuperação. São dúvidas sobre a matéria da escola», conta ele. «Às vezes, a gente esquece uma matéria antiga, e aí a gente lembra lá também. Além de nos ajudar, a gente ajuda outras pessoas», explica.

Ao lado da mãe, Samuel ajudava os colegas e os pais deles a vender doces na manhã de hoje. Ex-alunos do colégio e outros frequentadores da área verde do Rio apoiaram a ideia. «Isso mostra que a educação é uma boa causa e todo mundo está a fim de querer ajudar. A gente não está representando só o grupo, mas a família, os amigos e toda a nação brasileira», disse Samuel.

Na busca de apoio, as medalhas no pescoço servem para causar uma boa primeira impressão. Adrieny Monteiro dos Santos Teixeira contou orgulhosa que elas são fruto da dedicação.

«As pessoas veem o nosso esforço. É importante demonstrar que a gente corre atrás, persiste, é bom aluno e que vale a pena nosso esforço», disse ela, que também participa de concursos literários e competições de astronomia. «Pretendo seguir engenharia, mas ainda estou decidindo».

Também integram o grupo Arthur Rampazio Siqueira, João Victor Diniz de Andrade, Ana Júlia Victal Carvalho dos Reis, Isabel dos Santos Fernandes e Luiz Carlos Machado Ferreira.

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