Auxiliares palacianos de Jair Bolsonaro tentam reagir à pressão da militância bolsonarista nas redes sociais, que cobra uma defesa mais enfática do presidente. Para conter críticas, a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) passou a atuar em duas frentes.
De um lado, o secretário Fábio Wajngarten estabeleceu uma ponte com o escritor Olavo de Carvalho, que tem influência sobre os ânimos da tropa nas redes e os principais expoentes da chamada ala ideológica do governo. Em outra frente, prevê uma ofensiva para divulgar «boas notícias».
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Esta segunda frente na estratégia para melhorar a comunicação do governo é a criação do canal «SecomVc». A iniciativa, que foi lançada ontem, tem como objetivo criar um meio de distribuição de notícias consideradas positivas pelo governo no Twitter, Facebook e YouTube e tentar, assim, influenciar a narrativa.
«O governo está em ritmo acelerado para mudar o Brasil. O problema é que muita notícia boa não chega para quem realmente importa: você», dizia o primeiro post da conta no Twitter. «Será o canal para quem torce pelo País.» Além disso, o objetivo é combater o que, na visão do governo, seriam informações falsas que circulam na rede.
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— SecomVc (@secomvc) August 23, 2019
A equipe de comunicação utilizou ontem as contas da «SecomVc» para afirmar que a floresta amazônica está sob «ataque de fake news». As peças foram divulgadas em português e, em alguns casos, em inglês com a hashtag #AmazôniaSemFake.
A conta reproduziu, por exemplo, uma publicação feita pelo jogador de futebol português Cristiano Ronaldo para dizer que a foto utilizada por ele é de março de 2013. «Que bola fora, hein, Cristiano», diz o texto.
#SecomVc #AmazôniaSemFake pic.twitter.com/TXH4yzofsa
— SecomVc (@secomvc) August 22, 2019
O canal compartilhou também a reação de Bolsonaro ao presidente francês Emmanuel Macron, que classificou as queimadas na Amazônia como uma «crise internacional». O próprio Wajngarten utilizou o Twitter para engrossar o coro contra o francês. «Ou o presidente da França está agindo de má fé ou é um completo irresponsável!», publicou, argumentando que a foto usada por Macron era antiga.
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Integração
Há também a intenção de mostrar que a comunicação do governo está mais integrada. Após assumir o cargo, em julho, o ministro Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) contribuiu para distensionar a relação entre Wajngarten e o porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, segundo relato de auxiliares de Bolsonaro. Uma das soluções foi tirar formalmente o porta-voz da Secom.
O texto de lançamento do «SecomVc» trouxe manifestações de Wajngarten e Rêgo Barros, numa indicação que o projeto tem apoio dos dois.
Rêgo Barros viu seu espaço esvaziado nas últimas semanas com o aumento das declarações do presidente, que passou a falar quase diariamente com jornalistas ao sair do Palácio da Alvorada. Auxiliares de Bolsonaro creditam muitos dos posicionamentos mais polêmicos à influência de assessores ligados ao vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente, responsável pela comunicação da campanha do ano passado.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.