O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), deu entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo durante sua viagem à Xangai, na China. As perguntas abordaram recentes discordâncias do tucano sobre Jair Bolsonaro (PSL), presidente que recebeu seu apoio durante as eleições de 2018, a possibilidade de transferência do petista Luiz Inácio Lula da Silva para o presídio de Tremembé, e a futura corrida presidencial de 2022.
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Doria também falou, brevemente, sobre o torcedor do Corinthians detido pela Polícia Militar durante uma partida, após supostamente ter xingado o presidente Bolsonaro.
«Não acompanhei de perto esse episódio, mas não creio que o xingamento foi a razão da prisão», ponderou o governador. «A gente não deve xingar ninguém em estádio, nem o adversário, nem jogador, autoridade ou a PM. Mas isso não justifica a prisão de quem quer que seja.»
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O PSDBista reiterou sua desaprovação ao uso de xingamentos pela torcida durante os jogos. «Isso deve ser repreendido. Estádio é para quem gosta de futebol, não para fazer protesto».
Por vezes, a reação de públicos em eventos massivos, como jogos de futebol, é utilizada para medir a popularidade de um político. Como exemplo está a presença do próprio Jair Bolsonaro em jogo da Copa América, no Mineirão: a torcida presente no clássico Brasil x Argentina tanto vaiou quanto aplaudiu o presidente.
Por fim, Doria comentou o projeto de Lei sancionado por ele próprio, que propõe a criação de um dia de oração para autoridades públicas. «Não vi nenhum mal nisso. O projeto veio da Assembleia e não vi motivo para não sancionar. Não há custo para o erário», justificou o governador.
Ele ainda acrescentou: «Se o Brasil precisa de algo hoje, é de oração. Orar faz bem, sobretudo agora.»
Entenda o caso
No domingo (4), durante partida entre Corinthians e Palmeiras na Arena Corinthians, um torcedor alvinegro foi detido por agentes da Polícia Militar. Rogerio Lemes Coelho aparece, em vídeo, deitado no chão do estádio, cercado por cinco policiais que apenas assistem à cena.
Segundo Lemes Coelho, a ação começou após ter proferido xingamentos ao presidente Jair Bolsonaro. «Os policiais vieram para cima, um já me deu mata-leão quando eu caí, me algemaram, me levaram pra uma sala e ficaram me humilhando», relatou, em postagem no Facebook.
O torcedor ainda publicou uma cópia do boletim de ocorrência registrado pelo Batalhão de Choque, que comprova sua abordagem e condução até a delegacia.
O Corinthians também se posicionou, em nota, sobre o ocorrido. Para o clube, o que aconteceu foi «grave atentado às liberdades individuais no Estado Democrático de Direito»; o Timão também reiterou que, historicamente, sempre apoiou a democracia e o direito de livre manifestação.
Segundo apuração do UOL Esporte, o torcedor ainda foi convidado para assistir, no camarote da presidência, a partida entre Corinthians e Goiás, disputada na quarta-feira (7).