As diversas denúncias de maus-tratos e agressões em um asilo de Santa Luzia, na região metropolitana de Belo Horizonte, levaram a Polícia Civil a investigar a morte de três idosos que viveram no local nos últimos meses. Detidas desde a última quinta-feira (25), as proprietárias do estabelecimento, que são mãe e filha, tiveram ontem as prisões em flagrante convertidas para preventivas. As suspeitas participam de uma audiência de custódia hoje na Justiça. Já o cuidador do local segue foragido.
Cerca de 50 pessoas eram atendidas na clínica, entre idosos e pessoas com dificuldades de locomoção. De acordo com a delegada Bianca Prado, os internos sofriam castigos e eram privados de alimentação adequada. A polícia ainda encontrou uma fossa transbordando na área em que as pessoas transitavam. A instituição fica no bairro Barreiro do Amaral e foi interditada pela prefeitura.
Encontrados em estados mais graves, 13 idosos seguem internados no Hospital Municipal Madalena Calixto com quadros de pneumonia, desnutrição e fraturas – dois estão no setor de emergência para cuidados intensivos. Conforme a Secretaria Municipal de Saúde da cidade, uma equipe de saúde da família prestou atendimentos aos demais internos que “não precisavam de cuidados médicos, mas apresentavam alguma enfermidade”.
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Em busca das famílias
Mesmo com a interdição, 21 idosos que não tiveram os familiares localizados seguem internados na unidade. A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social começou um processo para levantamento de informações sobre os pacientes, fazendo a busca ativa pelos parentes. “Também é aguardada a liminar da Justiça que determinará pelo fechamento ou não do local e os procedimentos que serão tomados a partir daí”, informou a prefeitura. O local é monitorado 24h por dia pela Guarda Municipal da cidade. A Polícia Civil não descarta abrir um inquérito para investigar prováveis crimes de abandono de incapaz.
Histórico de irregularidades
As suspeitas de irregularidades deixaram a instituição na mira do Ministério Público desde 2017. A Vigilância Sanitária fez vistorias no asilo e notificou as proprietárias a realizarem melhorias, mas, segundo a prefeitura, o estabelecimento sempre “mudava de endereço em todas as vezes que os prazos” venciam. No início deste mês, pacientes da clínica precisaram de atendimento no hospital municipal e relataram as agressões. “Diante disso, o médico fez uma denúncia à polícia, que foi até o local, abriu as investigações e solicitou a interdição do asilo”, finalizou a nota.
Já a defesa das proprietárias não foi localizada pela reportagem.