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Atrás na corrida espacial, Brasil aposta no ‘New Space’; entenda

Base de Alcântara, no Maranhão, pode entrar em nova fase com acordo Valter Campanato/Agência Brasil
metro na lua

Iniciado ainda no tempo da Guerra Fria, enquanto todas as nações ainda davam seus primeiros passos no espaço, o programa espacial brasileiro foi marcado por “diversos vales e poucos picos”, na definição do atual presidente da AEB (Agência Espacial Brasileira), Carlos Moura. “Não somos novatos, mas, apesar de termos nos inserido na mesma época que os outros países, acabamos muito para trás em relação aos que continuaram investindo. Hoje alguns têm missões ousadas para outros planetas, ou missões tripuladas em estações ao redor da Terra. Ficamos muito mais focados em pesquisa e desenvolvimento”, diz.

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Desde a década de 1970, o objetivo brasileiro é o mesmo: construir um veículo lançador próprio, levando satélites nacionais e a partir de uma base brasileira. As duas últimas metas foram cumpridas, inclusive com uma astronauta “bônus” (veja ao lado), mas o foguete brasileiro não vingou. O mais dramático episódio da corrida brasileira, a explosão na base de Alcântara (MA) em 2003, matou 21 pessoas e foi com um protótipo de foguete, o VLS-1.

Se o objetivo não mudou, ele trocou de escala. Agora, em vez de colocar em órbita grandes satélites, o Brasil tenta construir um foguete para satélites menores, surfando no movimento chamado “New Space”, em que empresas privadas cada vez mais buscam o espaço, colocando equipamentos comercias menores em órbita. “Em vez de equipamentos de 5,6 toneladas, o mercado está crescendo para satélites menores, em órbitas mais baixas”, explica.

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Enquanto não lança seu foguete, o país busca revitalizar a Base de Alcântara, no Maranhão. O presidente da agência explica que a assinatura do recente acordo com os EUA vai possibilitar a entrada no “mercado” de lançamentos de satélites. Isso porque os norte-americanos vetam que satélites com tecnologias do seu país decolem de bases sem acordos formais de proteção.

Isso é o Brasil no espaço

Satélites nacionais em ação

  1. Os SCD-1 e 2. Primeiros totalmente nacionais, são de 1993 e 1998. Coletam dados ambientais.
  2. CBERS. Já são cinco aparelhos sino-brasileiros (parceria com a China), o primeiro de 1999. Imagens monitoram desmatamento e clima, por exemplo.
  3. NanoSatC-Br 1. Da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria-RS), micro-satélite mede magnetismo e testa tecnologias de futuras missões.
  4. SGDC1. Fabricado pela Telebras, foi lançado em 2017, em um foguete francês. Fornece banda larga a civis e militares.

Divulgação espacial

O astronauta que virou ministro

O presidente da AEB, Carlos Moura, conta que uma das prioridades determinadas pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes, é a comunicação com a população. “Queremos mostrar que já fazemos parte da realidade de cada brasileiro, seja na previsão do tempo, nas comunicações, até aplicativos de mobilidade”, cita.

Para atrair a atenção o ministro tem um trunfo: ele é o primeiro e único astronauta brasileiro – e pioneiro também da América do Sul. Selecionado pela Nasa em 1998, Pontes acabou indo ao espaço a bordo de uma nave russa em 2006. Ele passou nove dias na Estação Espacial Internacional.

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