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Universidades do ABC já sentem efeito do bloqueio de verbas do MEC

Os efeitos do bloqueio de verbas nas universidades federais, anunciado em abril pelo MEC (Ministério da Educação), vêm sendo sentidos por aqueles que estão na ponta: os alunos. Uma série de “nãos” está no planejamento da UFABC (Universidade Federal do ABC), que prevê a impossibilidade de manutenção e reformas de prédios e equipamentos. A construção de novos blocos em Santo André continua comprometida com o bloqueio de recursos.

Em maio, mudança na contratação da empresa de ônibus levou à redução no transporte do campus a terminais de transporte público. Também tornou mais difícil atender a todos que precisavam se deslocar entre as unidades. “[O bloqueio] faz com que a UFABC não consiga ampliar a capacidade de transporte, em cenário de expansão do número de alunos”, informou a universidade.

O resultado é que alunos precisam enfrentar um caminho perigoso e já organizam esquemas de caronas. “Quem chega pelo terminal (Santo André Leste) tem de passar por baixo do viaduto a pé”, diz Andressa Silva, 22 anos, aluna de ciência e tecnologia na UFABC. “Decidi trancar minha matrícula para tirar carta de motorista. Me vi ameaçada de estar sujeita a assaltos”, diz ela.

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Na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), três ônibus que faziam o trajeto entre as unidades de Diadema – há prédios no centro e em bairro mais afastado – quebraram e a frota não foi recomposta. Segundo a reitoria, a licitação depende da liberação de recursos. “O fretado da universidade tem horário para ser cumprido, que vem sendo reduzido a cada dia”, diz a aluna de licenciatura em ciências Andressa da Paz, 20 anos, que também vê problemas de limpeza e manutenção.

Para o colega de curso Miguel de Lima, 18 anos, as dificuldades são um banho de água fria. Primeiro da família a ingressar no ensino superior, ele se surpreendeu quando conheceu a estrutura física da universidade. “Pensei em um campus bonito. Foi uma quebra”, lembra. “Somos obrigados a andar a pé pela cidade e várias pessoas já foram assaltadas.”

Enquanto não tinha resposta se conseguiria bolsa de permanência estudantil (não há aumento nesses benefícios), ele chegou a “escolher os dias para faltar” e a mãe fez até empréstimo para arcar com os gastos do aluno. Segundo a reitoria, não há previsão de redução na assistência estudantil, mas os valores “são insuficientes para atendimento da demanda”. 

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