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Barragem em Minas Gerais pode se romper neste domingo

Barragem da Vale em Barão dos Cocais, Minas Gerais Reprodução/Defesa Civil de Minas Gerais

Uma barragem da Vale localizada em Barão de Cocais, em Minas Gerais, pode ser romper a qualquer momento a partir deste domingo (19).

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De acordo com documento encaminhado ao Ministério Público do Estado, a movimentação de quatro centímetros por dia em um talude na mina Gongo Soco pode levar a um colapso na barragem Sul Superior, que fica a 1,5 km do local e está em alerta máximo desde março.

A cidade está fazendo simulações de evacuação. O coordenador-adjunto da Defesa Civil estadual Flávio Godinho disse trabalhar com a possibilidade mais grave. “As ações estão postas. O que temos a fazer é salvar vidas.”

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Terrorismo psicológico

«O que vivemos é um terrorismo psicológico», afirma o padre José Antonio de Oliveira, do Santuário de São João Batista em Barão de Cocais. O religioso, de 67 anos, está há três anos na cidade e é o refúgio de moradores aflitos com a possibilidade de ruptura da barragem da Vale no município. Ao mesmo tempo, figura entre os prováveis desalojados pela lama, caso a represa se rompa. «A igreja, não, mas a casa paroquial está na área que pode ser atingida», conta.

Barão de Cocais é uma cidade onde o medo se renova. Menos de dois meses depois de a barragem Sul Superior, da Vale, no município, ter seu nível de segurança elevado para 3 – o que significa ruptura a qualquer momento -, a população do município passou a ter motivo para se preocupar ainda mais.

Entre o anúncio da ruptura iminente, em 22 de março, e a constatação de risco para o talude, em 13 de maio, transcorreram exatos 52 dias. «Os mais afetados são os idosos e as crianças», relata o padre José Antonio. «Um grupo grande de moradores já vive a experiência concreta de ficar sem casa. Deixaram tudo para trás: animais, sua história. Não é algo fácil.»

O religioso diz ser grande o número de relatos de doenças relatadas pelos fiéis. «Atendo muita gente com depressão e com outras doenças que agora se agravaram.» O clima na cidade, segundo o padre, é de insegurança e apreensão. «O simulado, o meio-fio pintado. Tudo isso é um terrorismo psicológico. Cria um ambiente pesado», diz. A tinta no meio-fio serve para marcar o alcance da lama.

Zona de autossalvamento

Entre as pessoas que já tiveram de deixar suas residências está a analista administrativa Élida Geralda Couto, que morava em Socorro, distrito de Barão de Cocais localizado na chamada zona de autossalvamento da barragem, ou seja, muito próximos da represa, a ponto de as pessoas não conseguirem escapar em caso de rompimento da barragem.

Élida, hoje, mora na cidade em uma casa com aluguel pago pela Vale. «Nossa vida está em Socorro. A cada dia acontece uma coisa diferente. Agora, é a questão do talude. Estão nos matando aos poucos», afirma. A comunidade de Socorro foi retirada de suas casas em 8 de fevereiro, antes da elevação do nível de segurança da barragem a 3. Naquele momento, todos foram levados para hotéis.

Alguns, no entanto, não saíram de suas casas, como é o caso de Lindaura de Lourdes Mateus, de 51 anos. «A gente tem fé de que vai voltar para casa.» A ex-moradora de Socorro reclama de falta de informações por parte da Vale. «Não falam nada.»

No sábado (18), o Ministério Público de Minas emitiu recomendação para que a empresa repasse a situação da barragem e diga aos moradores o que pode acontecer com a estrutura. Em nota, a Vale disse que vem mantendo a população informada.

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