O presidente Jair Bolsonaro (PSL) disse ontem que as investigações sobre supostas irregularidades em movimentações financeiras de um dos seus filho, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), têm por objetivo atingi-lo.
“Querem me atingir? Venham para cima de mim! Querem quebrar meu sigilo, eu sei que tem que ter um fato, mas eu abro o meu sigilo. Não vão me pegar”, disse o presidente durante a manhã em Dallas, nos EUA.
As investigações contra Flávio – classificadas ontem pelo pai como “esculacho” –, são tocadas pelo MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro), que vê índicos de crimes como peculato e lavagem de dinheiro no seu gabinete quando era deputado estadual, entre 2007 e 2018.
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Uma das denúncias é de que os funcionários eram obrigados a devolver parte dos salários. Relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), do governo federal, mostrou movimentação atípica, de R$ 1,2 milhão, na conta de um de seus ex-assessores, Fabrício Queiroz, que não tem renda compatível. Ambos negam qualquer crime.
A promotoria obteve nesta semana autorização para quebrar o sigilo bancário e fiscal de empresas e de dezenas de pessoas ligadas a Flávio – sendo que oito delas trabalharam também no gabinete de Bolsonaro, quando este era deputado federal.
Além de criticar as investigações, o presidente atacou a imprensa. “Grandes setores da mídia não estão satisfeitos com o meu governo, que é um governo de austeridade.”
Prêmio e mais críticas
Bolsonaro recebeu ontem nos EUA o prêmio de Personalidade do Ano da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, que inicialmente seria entregue em cerimônia em Nova York, mas migrou para Dallas depois de protestos e boicotes.
O presidente prestou continência à bandeira americana e discursou por 11 minutos, com mais críticas à imprensa e também aos governos petistas, que acusou de aparelhar as universidades e de tratar os EUA como “um inimigo”, ao contrário dele, que pretende “fazer comércio e assinar acordos”. Ele mostrou preocupação com a situação econômica da Argentina e humanitária da Venezuela, “pobre povo, fugindo da miséria”.
Bolsonaro também minimizou os protestos contra o bloqueio de verbas do Ministério da Educação, que movimentaram todo o país na quarta-feira. “Como se a educação até o final do ano passado fosse uma maravilha no Brasil.” Ao se despedir, o presidente se enrolou e errou o bordão de sua campanha.