Embora tenha admitido «não ter tido tempo para se aprofundar» no decreto assinado pelo seu pai, o presidente Jair Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) discursou nessa quinta-feira, 9, em defesa do direito a posse de armas durante um encontro promovido pelo Instituto Plínio Corrêa de Oliveira (IPCO) – entidade que nasceu de dentro da Tradição, Família e Propriedade (TFP) e que se define como uma associação criada para «preservar a Civilização Cristã».
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«A revolução Cultural, o governo Bolsonaro e a legítima defesa» foi o tema do fórum realizado no Club Homs, na Avenida Paulista, que reuniu apoiadores da monarquia, bolsonaristas e membros do IPCO. Pelo salão, garotos com uma faixa dourada no peito ajudavam os cerca de 600 convidados a se situarem e os convidavam a comprarem livros, broches ou bonés do instituto em uma loja improvisada.
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Além do deputado, estavam presentes o Príncipe Imperial Dom Bertrand de Orleans e Bragança; e o coronel Jairo Paes de Lira, ex-comandante metropolitano da PM de São Paulo e presidente da Associação Brasileira Pela Legítima Defesa. No mesmo palco, uma imagem de Nossa Senhora de Fátima acompanhou tudo impassível.
Declarando-se inquieto, Bolsonaro pediu licença aos demais participantes da mesa para «falar em pé». Deu-se então uma espécie de «stand-up» em defesa da posse e porte de armas. Em sua fala, o deputado disse, por exemplo, ser «mais difícil dirigir um carro do que usar uma arma de fogo».
Além disso, comentou aquilo que chamou de «acadelamento» da sociedade. Segundo ele, o desarmamento fez com que o cidadão terceirizasse suas responsabilidades para os outros. «Como se fosse papel do governo defender todas as pessoas. Não é papel da polícia defender a sua casa quando alguém entra lá. Obviamente ela vai ser acionada e vai fazer o melhor de si. Então, quando alguém entra na sua casa, o primeiro responsável pelo combate é você.»
Na mesma toada, o deputado foi irônico ao dizer que a ideia de desarmar a população viria de «democratas» como Hitler, Fidel Castro, Nicolás Maduro e Luís Inácio Lula da Silva. Ele também disse que se morre tanto (e como porcos) em qualquer farol do País por conta do celular «porque o bandido só respeita o que ele teme».
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O discurso ainda teve seus momentos de ataques aos direitos humanos, imprensa e a chamada «ditadura do politicamente correto» (que, segundo o deputado, nos obrigaria a chamar pessoas gordas de magras ou ser o moderno que beija os coleguinhas). Ele também deixou aberta a possibilidade do decreto, no futuro, avançar na liberação de outros calibres e de trazer outras conquistas para os donos de armas.
O deputado pediu o apoio dos presentes ao governo do pai. Ele foi aplaudido de forma entusiasmada pelos presentes.
Em sua intervenção, o coronel Paes de Lira também defendeu o decreto presidencial e disse que o desarmamento da população visava «emasculação do País» ao afastar as crianças e as novas gerações das armas de fogo.
O príncipe Dom Bertrand de Orleans foi breve em sua participação Afirmou que Plínio Corrêa de Oliveira (primeiro presidente da TFP) estaria contente com o que estava sendo discutido no encontro. Ele também pontuou que o direito a defesa e a propriedade são direitos naturais dos seres humanos e não uma concessão do Estado.
No final, apesar da presença real, quem saiu coroado foi mesmo o deputado Eduardo Bolsonaro. Um séquito de fãs e eleitores, cercou-o para tirar fotos, selfies, gravar vídeos e pedir autógrafos. Uma mulher que estava próxima do tumulto ao redor do político afirmou que ele era um verdadeiro príncipe. Sorte Dom Bertrand não ter ouvido. Talvez se magoasse.