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Problema na Billings deixa água marrom nas torneiras de três cidades do ABC

Protesto ontem em frente ao Poupatempo de Diadema Ari Paleta/Metro Jornal

Bairros de Santo André, São Bernardo e Diadema estão recebendo água com cor de barro e cheiro desagradável. A Sabesp afirma que o problema é causado por mudanças na qualidade da água no Rio Grande, braço da Billings onde a captação é realizada. De acordo com a companhia, o excesso de chuvas no início do ano fez com que o Rio Grande extravasasse para o corpo central, o que aumentou a velocidade do fluxo da água e causou movimentação no fundo da represa.

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A mudança trouxe quantidade de ferro, manganês e nível de cor da água bruta com valores “inéditos na história do manancial”. “Esta condição tem impedido que a Sabesp realize o tratamento adequado para retirada de toda a cor da água, mas a empresa está trabalhando para readequação do processo de tratamento para adaptar-se a esta qualidade de água bruta”, disse a companhia, em nota em que pede desculpas à população. A previsão é de melhora na qualidade nos próximos dias.

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Coordenadora da Expedição Billings, projeto que analisa anualmente a qualidade da água da represa, a bióloga da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) Marta Marcondes afirma que o fundo é altamente poluído. “Se este fundo for remexido, haverá mais que ferro e manganês na água. A gente tem outros elementos químicos que fazem parte deste fundo contaminado. O que me deixa apreensiva é que os municípios recebem água daquela área. Para tirar a cor, precisa tirar elementos químicos e a Sabesp não está conseguindo. Isso é muito preocupante.”

A Billings é separada desde a década de 1980 por uma barragem localizada no Riacho Grande, em São Bernardo, onde passa também a via Anchieta. Ela foi instalada para separar os lados “limpos” e “sujos”. A captação de água para consumo é realizada na parte limpa. A considerada suja ainda recebe a reversão do rio Pinheiros, altamente poluído, em dias de chuva intensa na capital.

De acordo com acompanhamento da Sabesp em seu site, o Sistema Rio Grande opera atualmente com 101,5% de sua capacidade. No dia 12 de março, um dia após temporal histórico na região que matou 12 pessoas, o volume alcançou 108,5%.

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Roupa amarela e cheiro ruim

Dezenas de relatos sobre o problema foram publicados ontem em redes sociais. A cobrança da população fez com que as prefeituras notificassem oficialmente a Sabesp para que tome providências.

Moradores relataram ao Metro Jornal roupas manchadas e necessidade de compra de água mineral para dar banho em recém-nascidos. Em Diadema, houve protesto na tarde de ontem em frente ao Poupatempo, onde há atendimento da Sabesp.

De acordo com relatos, a piora na água acontece há pelo menos 30 dias, mas ficou mais crítica no fim de semana. Moradora do Baeta Neves, em São Bernardo, Andreza Ferreira conta ter mudado seus hábitos. “Não cozinho mais com água da torneira e as roupas, só lavo as de cores escuras na máquina. Porque as mais claras esquece, é colocar e perder.”
Bia Maffeis também mora na região e diz ter se habituado a descartar os primeiros litros que chegam por conta da sujeira. “Já perdi as contas das roupas estragadas. Até no chuveiro sai água suja. Cozinhar, nem pensar.”

A reportagem ouviu queixas em Santo André nos bairros Vila Luzita, Vila Scarpelli, Jardim Bela Vista, Jardim Irene e Las Vegas. Em São Bernardo, o problema foi relatado no Jardim do Mar e Baeta Neves e em Diadema, Centro, Eldorado, Serraria, Vila Conceição, Parque Real e Campanário.

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