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Sobe para 16 os mortos por desabamento de prédios no Rio; sobreviventes temem milícia

Até o momento, a polícia não conseguiu coletar depoimentos de sobreviventes do desabamento de dois prédios na comunidade da Muzema, na zona oeste, ocorrido na última sexta-feira. O motivo é o medo de milicianos. Nem mesmo vizinhos do local da tragédia quiseram falar.

Na manhã desta terça-feira (16), as equipes de resgate localizaram mais cinco corpos, totalizando 16 vítimas. Outras oito pessoas seguem desaparecidas.

Na segunda-feira (15), agentes da 16ª DP (Barra da Tijuca) estiveram na Associação de Moradores da Muzema para intimar o presidente, Marcelo Diniz Anastácio da Silva, a prestar esclarecimentos. No local, proprietários fazem o registro informal das residências compradas na região. No entanto, alegando problemas de saúde, Diniz faltou ao depoimento, que foi remarcado para esta terça, às 15h.

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A polícia investiga a ligação de Diniz com Jorge Alberto Moreth, o Beto Bomba, acusado de chefiar a milícia em Rio das Pedras. Ex-sargento da Brigada de Infantaria Paraquedista do Exército, ele está foragido desde janeiro, quando foi alvo da operação Os Intocáveis, que prendeu dois milicianos na zona oeste. Em 2013, Moreth foi condenado por formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.

O MP-RJ (Ministério Público do Rio) acredita que a Associação era usada como base das operações dos milicianos que controlam a área. Segundo o MP, era lá que o grupo realizava as transações de compra e venda dos imóveis construídos ilegalmente e manipulava documentos. No domingo, a Polícia Civil enviou um ofício para a prefeitura pedindo que o município identifique os responsáveis pelos imóveis que desabaram.

Investigação: força-tarefa

Chefe de Polícia Civil do Rio, Marcus Vinícius Braga determinou a criação de uma força-tarefa para apurar as construções irregulares e a atuação da milícia na Muzema.

A investigação terá duas frentes. A 16ª DP vai apurar a responsabilidade pela queda dos prédios, pelas mortes e pelos ferimentos causados. Já a Draco (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas) vai investigar a atuação das milícias na expansão imobiliária na comunidade.

Em meio à tristeza pelos soterrados, há a história de sorte de quem escapou por pouco. A família da administradora Raquel Freire morava em um dos prédios que desabaram. Após o forte temporal, a mãe dela foi para outro lugar com as duas filhas porque elas têm doenças respiratórias. “O apartamento estava com cheiro de mofo muito forte”, lembra Raquel.

O pai ficou em casa, mas foi trabalhar 20 minutos antes da tragédia. Os quatro se salvaram, mas perderam tudo o que tinham. Ontem, eles foram procurar o cachorro, Bernardo: “Estamos todos bem. O importante é pensar agora no nosso recomeço.”

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