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Para estudiosos, games não causam massacres

Uma persistente ideia assombra o mundo dos videogames desde, pelo menos, a virada do século, quando a modalidade alcançou o mesmo patamar do cinema e das séries no campo do entretenimento: a de que jogos de combate físico ou armado estimulam a violência entre os jovens. Casos como o do massacre em Suzano inevitavelmente suscitam a acusação, e dessa vez não tem sido diferente. Mas ocorre que, de acordo com os estudiosos do comportamento humano, esta correlação nunca pôde ser de fato comprovada.

Um estudo divulgado nesta semana, o mais completo já realizado, conduzido pelo Oxford Internet Institute, analisou uma amostra representativa de mil britânicos, de 14 e 15 anos. Segundo o pesquisador-chefe Andrew Przybylski declarou ao jornal britânico The Independent: “Apesar do interesse no assunto pelos pais e políticos, a pesquisa não demonstrou que há motivo para preocupação.” Já a co-autora, Netta Weinstein, da Universidade de Cardiff, afirma: “Nossas descobertas sugerem que os vieses de pesquisadores podem ter influenciado estudos anteriores sobre esse assunto e distorceram nossa compreensão sobre os efeitos dos videogames.”

Psicóloga pela PUC-SP, Ana Luiza Mano, que já deu palestras a respeito, declarou que, na verdade, “nos games você vive muito mais experiências do que assassinatos. Situações que nos ensinam um pouco das mesmas coisas que aprendemos na vida. Certo e errado, justiça e injustiça, perder e ganhar, poder tentar de novo… não tem como correlacionar. Se a pessoa já tem o potencial violento, ela canaliza isso no jogo, o que seria uma forma de tirar essas energias de dentro de você, de fazer você relaxar.”

Beatriz Blanco, professora universitária e produtora de conteúdo sobre games, aprofunda: “A pergunta deveria ser qual a posição dos videogames em uma cultura de glorificação da violência, Jogar FPS (jogos de tiro em primeira pessoa) não lhe torna um assassino, mas que tipo de cenário e contexto está sendo construído ao redor dos games? Onde esses jovens se inserem nele?”. Eis a questão.

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