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Como lidar com o calor, as dores e os banheiros químicos no Carnaval

O ator Tiago Abravanel comanda o bloco Gambiarra Ronaldo Silva/Futura Press (RONALDO SILVA/FUTURA PRESS)

O Carnaval mal começou e alguns foliões já tiveram motivos para reclamar – o que não combina nada com o clima de festa. No pré-Carnaval paulista, faltaram banheiros químicos nas imediações dos blocos de rua. Foliões se queixaram de filas e também das más condições das cabines. A Prefeitura da cidade disse que a empresa que fornece os banheiros disponibilizou unidades a menos do que o combinado, e prometeu aumentar o número de cabines para os próximos blocos.

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Para quem já frequenta o Carnaval de rua, o estado em que ficam os banheiros químicos não é nenhuma novidade. Ciente disso, foliões (principalmente as mulheres) buscaram saídas para que um detalhe desse não atrapalhe a festa. A estudante de Engenharia de Produção Carolina Zauli, de 25 anos, adquiriu, por exemplo, um condutor urinário de silicone, que permite às mulheres fazer xixi em pé, sem contato com o vaso sanitário.

“Eu fui a um bloquinho de rua em Belo Horizonte que tinha um único banheiro químico e estava em péssimas condições”, lembra a estudante. “Com a proximidade do Carnaval deste ano, decidir comprar o condutor para não passar por essa situação novamente.”

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Assim como Carolina, a baiana Juliana Rangel, de 26 anos, relata os mesmos “perrengues” para usar o banheiro químico. “É horrível; é um cheiro desagradável lá dentro, para usar o banheiro precisamos ficar em uma posição desconfortável, fazendo aquele malabarismo para não encostar no vaso, e, ainda por cima, eu acabava urinando em mim sem querer, o que gera um constrangimento”, conta.

Juliana também adquiriu o condutor urinário e o usou em postos de gasolina (já que viaja bastante de carro) e até no banheiro de uso comum do trabalho. “Eu sempre levo comigo na bolsa agora, junto com a embalagem impermeável; facilita demais”, conta a jovem, que já chegou a segurar xixi por causa do estado dos banheiros disponíveis, correndo o risco de pegar uma infecção urinária. “É aquela coisa: o homem se ajeita na hora de fazer xixi, e a mulher? O condutor resolveu essa questão, trouxe essa liberdade para as mulheres.”

Foliã de carteirinha, Juliana monta até um “kit” para passar o Carnaval na rua. “Eu levo o condutor urinário, lenço de papel para me limpar e álcool em gel para higienização”, sugere.

Dores

Outro “vilão” dos blocos são as dores musculares que podem acometer os foliões, algumas são capazes até de levar a lesões mais sérias. O alerta é da Sociedade Paulista de Reumatologia, que cita tendinites, distensões musculares, bursites traumáticas e lesões de ligamentos, comuns nas pessoas com a sobrecarga muscular que se impõe ao corpo nos dias de folia.

Para o reumatologista Rubens Bonfiglioli, por mais preparados que nossos músculos estejam, o excesso de dança, estar muito tempo em pé, movimentos de tornozelos, joelhos, quadris e região lombar que usamos e abusamos nesses dias podem atrapalhar e até interromper a festa.

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Entre as medidas mais seguras a serem tomadas estão, sem dúvida, um preparo físico prévio, como atividades de alongamento de membros e coluna, antes e após os esforços. “Sabemos que a maioria não se preocupa muito com isso, então para essas pessoas orienta-se períodos de descanso de 15 a 30 minutos a cada duas horas de atividade seguida”, reforça Rubens Bonfiglioli.

O reumatologista também recomenda calçados adequados, fantasias não muito pesadas (para não forçar a coluna), e evitar saltos muito altos ou sandálias rasteiras.

Os pés, aliás, merecem uma atenção especial, já que são bem impactados durante a folia. Segundo Valéria Vieira, podóloga e coordenadora técnica da rede Doctor Feet, há riscos variados como pisões e colisões, e até inflamações como a fascite plantar e bolhas por atrito.

A especialista dá algumas dicas para também evitar esses perregues: use sapatos fechados com absorção de impactos, como os tênis; coloque palmilhas ou calcanheiras se for ficar muito tempo em pé; se usar salto, evite as bolhas usando protetores de dedo feitos de silicone, gel e adesivo; coloque os pés para cima depois da folia e, se possível, durma com eles assim; em caso de dores, use um massageador específico para os pés ou mergulhe-os em uma bacia com água gelada por 30 minutos.

Alimentação

Ninguém quer deixar de curtir esses dias por falta de disposição. Se alimentar bem é fundamental para aguentar a maratona de blocos. O nutrólogo Alexander Gomes de Azevedo dá algumas dicas de alimentos que ajudam a dar uma energia extra.

“Antes de cair na folia, açaí com banana e granola é uma ótima opção. Caso esteja no horário do almoço: frango e peixe grelhado (pouca quantidade) com legumes e verduras à vontade. Macarrão e arroz (de preferência integral) também são bem vindos», sugere.

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Entre os alimentos que devem ser evitados estão, claro, as comidas gordurosas. “Frituras, empanados, gorduras de carne e frango e embutidos possuem uma digestão mais lenta e roubam a sua energia. Resultado: corpo cansado e indisposto e ainda o risco de ganhar alguns quilos na balança».

Nos intervalos entre os blocos é importante não deixar de se alimentar. «Uma ótima opção é amendoim, castanhas ou uma fruta: banana, maçã, pera, laranja», indica o profissional, que também avisa que é importante cuidar da hidratação. «Quem for ingerir bebida alcoólica, é fundamental intercalar com água, isotônico (não exagerar) ou água de coco», ensina Azevedo

Calor

A hidratação também é fundamental devido ao calor dessa época do ano a que os foliões ficam expostos nos blocos de rua. “Uma amiga minha teve insolação porque ficou o dia todo sob o sol forte em um bloco aqui de Belo Horizonte”, lembra a estudante Carolina Zauli. “Ela passou super mal e não conseguiu mais sair de casa antes das 18h durante todo o Carnaval.”

Para se prevenir deste outro «vilão», há umas dicas bem fáceis de seguir. A primeira de todas é aquela regra bem básica: passar protetor solar pelo menos 15 minutos antes de ficar debaixo do sol. Também se deve evitar ficar exposto nas horas de maior calor, entre 12h e às 16 horas, tentando abrigar-se em locais com sombra, frescos e arejados.

Usar chapéus ou bonés para proteger a cabeça e roupas largas e frescas para proteger o corpo contra queimaduras solares é indicado também. Você pode optar por uma fantasia com alguns desses acessórios, por exemplo. Cheio de estilo e sabendo de todas essas dicas, agora é só colecionar lembranças boas do Carnaval.

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