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Parque de Santo André será destruído e reconstruído sobre piscinão

O Parque da Juventude Ana Brandão, no Jardim Ipanema, dará espaço ao maior projeto de drenagem de Santo André. Para isso, moradores vão perder uma das únicas áreas de lazer da região por alguns anos. O projeto, de autoria do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), prevê a destruição do parque para a construção de um piscinão na área. A promessa é de que, depois das obras, o parque seja reconstruído. Tudo isso em prazo de três anos.

O Semasa diz que o reservatório será responsável por acabar com o problema dos alagamentos na avenida Mário Toledo de Camargo que atingem a região da Vila Pires, beneficiando cerca de 125 mil pessoas. Ele terá capacidade para armazenar até 100 milhões de litros de água.

O custo total do projeto é de US$ 38 milhões, cerca de R$ 142 milhões na cotação atual do dólar. A verba virá de financiamento internacional do CAF, o Banco de Desenvolvimento da América Latina. O Semasa pleitea outros US$ 12 milhões (R$ 45 milhões) para outras obras de drenagem.

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O Semasa já solicitou licença ambiental para o Piscinão Parque da Juventude. O processo é analisado pela própria autarquia, responsável por licenciamentos ambientais na cidade. O cronograma prevê obras no próximo ano.

O superintendente adjunto do Semasa, Ricardo Kondratovich, afirma que o projeto ainda será discutido com a população, mas a licença ambiental era exigência para se conquistar o financiamento. “Vamos reunir todo o detalhamento sobre os impactos antes de realizar audiências públicas. Imagino que as pessoas não vão ficar felizes em perder a área de lazer por três anos, mas quando verificarem o benefício do piscinão, imagino que vão entender”, diz.

De acordo com Kondratovich, há estudos desde 2007 para instalar piscinão naquela área. Existem dois grandes terrenos vazios próximos ao parque, no decorrer da avenida Procópio Ferreira. Um deles pertencia, inclusive, à prefeitura. Mas o superintendente afirma que vários fatores levaram a escolha. “O terreno municipal fica acima do parque, com outra topografia e área menor. O melhor espaço é ali, porque tem que ficar perto do rio.”

Mas a ideia de se destruir o parque não agradou a população da região ouvida pela reportagem. O motorista Alexandre Porfírio, 32 anos, mora na rua Cajuru e limpava a lama que invadiu sua casa após chuva na semana passada. Mesmo sendo impactado diretamente pelos alagamentos, ele diz não entender porque acabar com o parque. “Estamos cansados e já perdemos muita coisa. Mas destruir algo que todo mundo usa é errado. Tem que pensar em outra coisa.”

A ambientalista do MDV (Movimento de Defesa à Vida) e membro do Comugesan, conselho de meio ambiente da cidade, Ivone Arruda Carvalho, afirma aguardar que a população seja ouvida. “Não conheço o projeto, mas o parque é muito usado. O ideal seria procurar outra área. O problema naquela região é o estrangulamento do córrego Guarará.”

Reforma fica distante

O Metro Jornal mostra desde janeiro de 2017 a situação degradada do Parque da Juventude Ana Brandão. O anúncio da destruição da estrutura para a instalação de um piscinão torna mais distante o projeto de uma reforma estrutural na área de lazer.

Na semana passada, a reportagem encontrou no parque muita pichação, brinquedos enferrujados e banheiros sem condições de uso. O Metro Jornal teve acesso ao projeto de reconstrução da área, que aponta para a manutenção da pista de skate e número maior de quadras – veja reprodução acima.

O parque foi inaugurado em 1996 pelo então prefeito Newton Brandão (1927-2010), que deu o nome de sua mãe para a área. Celso Daniel (1951-2010) assumiria no ano seguinte e incluiria o “da Juventude” no nome.

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