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Tragédia de Brumadinho completa um mês de muita cobrança e poucas ações

Passado um mês da tragédia em Brumadinho, cidade da Região metropolitana de Belo Horizonte, centenas de famílias ainda estão à espera de uma solução; há desconfiança na população sobre a qualidade da água do rio Paraopeba e ainda é cedo para calcular a dimensão do dano ambiental e econômico do crime ambiental da mineradora Vale que matou 179 pessoas, enquanto 131 seguem desaparecidas.

Ontem, a Praça da Liberdade, na capital, foi palco de um ato em homenagem às vítimas que contou com protestos sobre as ações da Vale até o momento. Vestidos de preto, os manifestantes desenharam cruzes brancas no asfalto que representavam todas as vítimas.

Ao meio-dia – mesmo horário do rompimento da barragem da Mina de Córrego do Feijão – foi tocada uma sirene para denunciar o que deveria ter ocorrido no dia da tragédia. “Nosso objetivo é relembrar que há um mês houve mais uma tragédia oriunda de um crime da Vale. Não podemos calar a nossa voz jamais, porque os atores que deveriam estar fazendo a coisa certa, assim como não fizeram na época da Samarco, já sinalizam que querem mais uma vez que isso não seja tratado como um crime. Isso é muito grave”, disse Maria Tereza Corujo, ambientalista do movimento “Mar de Lama Nunca Mais”.

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O ato ocorreu em frente ao Museu Memorial Minas Gerais Vale. Diana Souza, que perdeu um tio na tragédia, compareceu ao evento para homenagear o parente que se foi. “Eu estou aqui por toda a minha família que não pôde comparecer nesse momento. Somos do Norte de Minas e ele foi muito importante na minha vida. Meu tio me viu crescer, cuidou de mim e estar aqui representando ele nesse momento deixa claro todo o meu amor e de toda a minha família”, lamentou. Gustavo Souza Júnior, de 37 anos, deixou filho, esposa, os irmãos, sobrinhos e amigos. “Queremos justiça, para que a morte dele não seja em vão”, disse Diana.

Mesmo para quem teve a sorte de sobreviver ao desastre, a dor e angústia ainda são presentes. “A lama não passou em nós pois moramos mais para cima, mas nossa vida foi visceralmente atingida pela dor de ver vários amigos e do município inteiro perecer; então a gente está batendo nisso pois fomos todos atingidos”, explicou Camila de Moura, moradora de Brumadinho.

Em nota, a mineradora apresentou um balanço de ações realizadas até agora, como o suporte médico e financeiro às vítimas, assim como investimento de R$ 5 bilhões no descomissionamento de barragens do método a montante.

Rio Paraopeba sem uso

O governo de Minas reiterou ontem a proibição do uso da água do rio Paraopeba, que abastece a região metropolitana de Belo Horizonte. Em nota divulgada pelas secretarias de Estado de Saúde, de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, as pastas informaram que “decidem, como medida de prevenção, ampliar a abrangência da recomendação de que a água bruta do rio Paraopeba não seja usada pela população até o município de Pompéu”. A orientação é válida para qualquer finalidade, seja ela humana, animal ou para atividades agrícolas.

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