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‘Bunker’ de Paulo Preto faz Aloysio Nunes pedir demissão

Ex-ministro e presidente da agência estadual Investe SP do governo João Doria (PSDB), Aloysio Nunes pediu demissão ontem após ser associado ao esquema de propinas de Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, suspeito de ser o operador do PSDB e preso pela manhã na operação Ad Infinitum, a 60ª fase da Lava Jato.

Alvo de mandados de busca e apreensão, Nunes foi apontado pelas investigações como um dos beneficiários da propina. Ele teria recebido em 2007 – quando era secretário da Casa Civil do ex-governador José Serra (PSDB) – um cartão de crédito no exterior de uma conta vinculada a Paulo Preto.

Em sua carta de demissão, apresentada no fim da tarde de ontem depois de um encontro com o governador, Nunes negou envolvimento e disse que não teve acesso ao inquérito, mas justificou o seu pedido admitindo que o fato é “incontornável” e de “repercussão negativa”.

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Bunker de Paulo Preto
A Ad Infinitum investigou informações repassadas em acordos de delação de executivos da Odebrecht e de Adir Assad, também apontado como operador de propinas.
Preso ontem pela PF (Polícia Federal) em São Paulo, Preto é suspeito de ter mantido R$ 100 milhões em dinheiro em dois endereços na capital. Os mandados de prisão e de busca e apreensão foram expedidos pela Justiça federal em Curitiba (PR), para onde o acusado deverá ser transferido.

Segundo o procurador do MPF (Ministério Público Federal) Roberson Pozzobon, em 2010 a Odebrecht tinha “grande demanda de propinas”, por se tratar de ano eleitoral, e Paulo Preto teria fornecido dinheiro em espécie. Em troca, a empreiteira teria feito depósitos no exterior para o operador, ajudando na lavagem do dinheiro.

Assad teria revelado que o operador tucano tinha R$ 100 milhões em dinheiro. “Na residência dele e em um apartamento, onde ele tinha um ‘bunker’ para guardar as propinas. Nos remete ao bunker do Geddel”, disse Pozzobon. Em 2017, a PF encontrou R$ 51 milhões em apartamento atribuído ao ex-senador Geddel Vieira Lima, em Salvador (BA).

O dinheiro teria sido transportado para operadores em malas, em lotes de R$ 1,5 milhão, e Paulo Preto chegava a colocar as notas ao sol, para que não embolorassem. O esquema teria movimentado R$ 130 milhões, que a Lava Jato ainda tenta rastrear e bloquear no exterior. A origem do dinheiro, de acordo com Pozzobon, seriam “múltiplos esquemas criminosos”.

Preto foi diretor da Dersa, empresa paulista de Desenvolvimento Rodoviário, em gestões do PSDB. Ele é réu em outras ações, como a que investiga desvios de R$ 7 milhões do trecho sul do Rodoanel e para qual o MPF pede a sua prisão por 80 anos.

Detido no ano passado, ele foi solto duas vezes por determinação do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes, que avaliou os recursos nas ações da Dersa. O caso agora está com o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato.

A defesa do acusado não se pronunciou. O PSDB afirmou que “não mantém qualquer tipo de vínculo com o sr. Paulo Vieira, jamais recebeu qualquer contrapartida de empresas nem autorizou terceiros a fazê-lo em seu nome”.

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