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Quem é Juan Guaidó, o ‘presidente interino’ da Venezuela

Nesta quarta-feira (23), em meio aos protestos que tomavam a Venezuela, o líder da Assembleia Nacional subiu ao palanque e declamou um discurso em que se declarava o «presidente interino» do país.

No mesmo dia, diversos países e organizações manifestaram o apoio a sua presidência, entre eles o Canadá, os EUA, o Chile, a Argentina, e o próprio Brasil, representado por Jair Bolsonaro e o Itamaraty.

O presidente em exercício, no entanto, continua sendo Nicolas Maduro, que recusa-se a deixar o cargo e condena a tentativa de golpe da oposição. Maduro ainda acusa uma aliança com os Estados Unidos, que estariam por trás do golpe, por interesses próprios e antagônicos aos da Venezuela.

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Líder estudantil

Juan Gerardo Guaidó Márquez iniciou sua trajetória na política da Venezuela cedo. Pertencente ao movimento estudantil desde 2007, o jovem estudante de engenharia começou a atuar na oposição ao governo de Hugo Chávez, integrando e organizando protestos.

Em 2009, tornou-se membro fundador do partido oposicionista Vontade Popular, do qual hoje é coordenador nacional.

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Deputado

Em 2016, é eleito deputado na Assembleia Nacional junto à Mesa da Unidade Democrática. Já no governo de Maduro, a mesa representa a maior força da oposição ao governo, e é rival do partido socialista na Assembleia.

Como parlamentar, começa a ascender rapidamente, conquistando diferentes posições até chegar, em 2018, à chefia da maioria opositora da Assembleia.

Presidente da Assembleia Nacional

Ao conquistar a maioria das cadeiras da Assembleia, a Mesa da Unidade Democrática derrota o partido socialista e conquista a chefia do legislativo. É a primeira troca de poder em 16 anos.

Como chefe da maioria opositora, que agora está no comando, Guaidó torna-se presidente da Assembleia Nacional aos 35 anos – o mais jovem a assumir o cargo.

Em seu discurso como novo presidente do parlamento, falou sobre os presos políticos, sobre a crise geral que enfrenta a Venezuela, da corrupção, do êxodo venezuelano e de outros problemas importantes do país.

Guaidó confirmou que a Assembleia Nacional não reconhecerá o governo de Nicolás Maduro iniciado a partir de 10 de janeiro, quando se inicia mais um período de governo, recordando que desse dia em diante o órgão legislativo será o único poder legítimo que o povo da Venezuela terá.

Dessa forma, a Assembleia Nacional se autodeclara órgão de comando central na Venezuela, se opondo ao governo Maduro. E, por consequência, além de presidente da Assembleia, Guaidó se declararia presidente do país.

Presidente autodeclarado

É exatamente o que Guaidó fez, publicamente, em 23 de janeiro, em meio a manifestações populares clamando pelo fim do governo de Maduro.

A Venezuela tem protestos quase diários desde a posse de Maduro em seu segundo mandato, no dia 10 de janeiro. No dia seguinte, Guaidó convocou oposicionistas para manifestar-se nas ruas contra o presidente, considerado ilegítimo e ditatorial.

Em 13 de janeiro, Guaidó chega a ser preso pelo governo venezuelano, tendo seu carro interceptado por oficiais e sendo detido. Diversos membros da comunidade internacional manifestaram repúdio a tal prisão, considerada uma forma de deter a oposição venezuelana. Guaidó é solto pouco tempo depois.

Em discurso para manifestantes apenas dez dias após sua prisão, o oposicionista declara-se presidente interino da Venezuela.

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